Plantas, paisagens, homens
Auguste de Saint-Hilaire, entre a França e Brasil
p. 20-29
Texte intégral
1Em 1816, quando, aos 37 anos, o orleanês Auguste François César Prouvensal de Saint-Hilaire desembarcava no Rio de Janeiro, ele entrava para a já extensa lista de franceses que aportaram no Brasil desde a descoberta do continente americano. Voltaremos a este momento da chegada; notemos, por ora, que uma das características da história das relações entre os dois países é, sem dúvida, o fato de que ela tenha se iniciado precocemente, quase no mesmo momento da descoberta do Novo Mundo. Desde seus primóridos, ela alimentou na França a reflexão sobre o «outro» que, desde o final do século xv, e provavelmente até nossos dias, foi duradouramente reconfigurada após o alargamento do mundo conhecido. Dos primeiros normandos que precederam Villegagnon e André Thevet ou Jean de Léry até Claude Lévi-Strauss, da «França Antártica» à dos «tristes trópicos», a longa história deste encontro particular foi pontuada por trajetórias que produziram inúmeros escritos, imagens e objetos de naturezas diversas, através dos quais as relações se intensificaram. Gêneros epistémicos distintos puderam, assim, produzir conhecimentos diferentes, os quais tendemos a associar, há dois séculos, a disciplinas específicas, que, por sua vez, se agrupam em grandes famílias. Na época de Auguste de Saint-Hilaire, as letras e as ciências, naturais ou morais e políticas, estavam em processo de estabilização. Mas isso não impedia àqueles que fixavam seus limites de os transporem com facilidade, sobretudo no Brasil, onde a identificação das divisões não era simples. Este foi o desafio que o Brasil lançou aos europeus desde a sua descoberta. Assim, desde que passou a fazer parte do sistema de coordenadas dos europeus, há mais de cinco séculos, o Brasil, gerou continuamente fluxos de informações. Estas nem sempre circularam, na França, no Brasil ou alhures, no mesmo ritmo de sua produção, mas rapidamente assumiram um papel fundamental nos sistemas gerais de organização dos conhecimentos. A partir de 1580, o Brasil deixa os relatos de viagens para tomar lugar no pensamento filosófico dos humanistas, graças a Montaigne primeiramente, e em seguida, a Acosta.1
2Alguns textos permaneceram manuscritos e com acesso mais restrito do que outros, que se tornaram rapidamente a base comum de representações, reais ou fictícias; alguns tiveram sua veracidade comprovada, outros foram simplesmente adotados em decorrência das repetidas citações, na França e alhures, ontem como hoje2. A atração contínua e ininterrupta pelo Brasil, por parte dos viajantes, exploradores ou sábios, teceu assim um palimpsesto de densidade comparável à da floresta virgem —que se tornou, por sua vez, ícone desta terra austral3. Os autores do século 20 alimentaram profusamente o jogo de mobilização das referências e das citações, conforme atestam autores tão diversos como Blaise Cendrars ou Claude Lévi-Strauss, em registros literários distintos, porém elaborados dentro de um mesmo período, os anos 50. O poeta busca com elegância e erudição a imagem do paraíso associada a essas terras, numa arquitetura textual e visual; esta o conduz, num ir e vir incessantes, de Pero Vaz de Caminha4, a esses membros da intelligentsia brasileira do século 20, seus amigos, sempre confrontados com o enigma desta terra tão singular, e do seu povo, que não se pode comparar a nenhum outro5. A relação que Claude Lévi-Strauss estabelece, no seu próprio trabalho de antropólogo, com seus predecessores e com os escritos destes, é-nos mais familiar: «trago no meu bolso Jean de Léry, breviário do etnólogo», observa ele na sua descrição do Rio.6
3Mas, é preciso lembrar, esta história cruzada de longo curso não pode ser reduzida à história de uma troca entre a França e o Brasil: sua riqueza, mas também sua complexidade, devem-se ao contexto transatlântico no qual ela se desenvolveu, antes de passar à escala global, que é hoje ainda mais pertinente. O Brasil, nos últimos cinco séculos, mostrou à Europa os limites do seu próprio entendimento; ele interessa hoje ao planeta, ou ainda mais precisamente, o planeta e seu futuro dependem, em parte, do Brasil: ele é hoje o laboratório de uma antropologia da natureza, que incita a repensar a grande divisão entre natureza e cultura através do estudo de um outro tipo de relação entre o humano e o não-humano, fonte possível de uma radical reorganização do mundo e do pensamento do globo.7
4Assim, a história das relações franco-brasileiras é em primeiro lugar a história da Europa e do Brasil. Quando, em 1816 o naturalista Saint-Hilaire chega ao Rio de Janeiro, seu olhar, seus gestos, suas questões se baseiam numa epistemologia inscrita nesta história de longo curso e forjada pelas batalhas dos impérios, como toda a epistemologia européia da época. Pois o Brasil esteve, desde as origens de sua inscrição na «consciência européia»8, no âmago das rivalidades dos impérios transcontinentais do Velho Mundo: de fato, ele inspirou mais do que uma genealogia «francesa» dos seus registros escritos. Assim o atestam as fontes portuguesas, mas também holandesas de suas origens.9 Além das lógicas de rivalidades imperiais, a força do impacto do Brasil sobre a Europa está impressa num relato publicado em Marburg a partir de 1557, Warhaftige Historia und Beschreibung eyner Landtschafft der Wilden Nacketen, Grimmigen Menschfresser-Leuthen in der Newenwelt America gelegen, que seu autor comprovado, o soldado alemão Hans Staden, alimenta com a história do seu cativeiro entre os Tupinambás. Este texto alemão, impresso graças ao apoio do médico humanista Johannes Dryander, assim como os textos dos franceses, portugueses ou holandeses, constitui uma das fontes de nossa informação sobre os selvagens da América.10
5Nos séculos seguintes, e à medida que a investigação sobre o mundo se organiza de maneira mais sistemática, e segundo procedimentos técnicos que se sofisticam, as rivalidades em torno deste continente vegetal continuam a se multiplicar. E se os horizontes europeus da conquista territorial se expandem ainda mais, se o século 18 se impõe como a era das viagens científicas —entre as quais a de Bougainville ou a do Capitão Cook na Austrália se tornarão modelo —, o Brasil permanece no centro dos interesses, das interrogações, pois ele continua a ser uma fronteira do desconhecido11. Charles Marie de la Condamine, e depois Charles de Brosses atualizam os conhecimentos sobre o Brasil para uma Europa Iluminista já bem solidamente convencida da «lenda negra» que coloca às margens do progresso da ciência a região ibérica, mas não suas colônias.12 Neste sentido, a descida do Amazonas por Condamine, a partir do Peru e dos territórios espanhóis, faz lembrar, em pleno século de explorações, o quanto os conflitos territoriais entre os dois impérios ibéricos ainda fazem do centro do continente sul-americano uma zona de «fronteira», em todos os sentidos do termo. Ela confirma tudo o que ainda resta a ser descoberto do interior das terras e aponta uma das principais mudanças que aí se operam nas dinâmicas do conhecimento dos territórios: o controle das vias e das costas marítimas deve ser acompanhado do domínio do hinterland e das vias terrestres. Ao mesmo tempo, o reino da história natural é o que deve permitir a dominação destes espaços e sua exploração. Esta é certamente uma das razões pelas quais a América, que no século das Luzes voltou a constituir um dos desafios mais agudos do debate filosófico sobre a natureza do homem e do progresso das civilizações, mobiliza ainda hoje, o saber, sua acumulação e sua organização13.
6Os termos da controvérsia filosófica não são mais os mesmos do século 16: desde esta data, a questão que alimenta a polêmica não é somente a do progresso, mas também a da escravidão. Quanto ao debate naturalista, este se transformou profundamente. Pois Buffon e Lineu, além de reabrirem o dossiê da natureza humana, também redesenharam a arquitetura dos mundos mineral, vegetal e animal, concebendo novas prateleiras, adaptadas e capazes de tudo acolher, e mesmo o homem, a partir de Lineu; e Jussieu elaborou as classificações.14 Filosofia, zoologia ou botânica, ao mesmo tempo em que se tornam autônomas e se dissociam umas das outras, não abandonam o jogo do «todo» através do qual elas se mantêm ligadas entre si15. A busca do útil, que também caracteriza o momento, contribui sem dúvida à intensificação da coleta da natureza.16
7Na França, com a Revolução e o grande projeto do Muséum, este momento assume uma dimensão institucional, no âmbito de um programa político, que fará de Paris, durante um certo tempo, a capital mundial dos conhecimentos naturalistas17. Não seria possível descrever aqui, os inúmeros trabalhos que esta criação estimulou, nem tampouco as inflexões que a questão naturalista impôs à agenda tradicional da história das ciências18. Mas, desta imensa recomposição, um objeto específico sairá profundamente transformado, o Herbário do Muséum.19
8A consolidação dos conhecimentos naturalistas pela instituição não impede nem domina definitivamente as iniciativas individuais que fazem da experiência de campo o lugar da elaboração científica. Elas se alimentarão também dos recursos oferecidos pelo processo de institucionalização, que não abolem as lógicas de patronagem ou de redes. Assim, no momento em que a era das revoluções atinge seu auge, Alexandre de Humboldt e Aimé Bompland se lançam na grande expedição da América, bem como outros, menos famosos, ao mesmo tempo ou depois deles.20 Graças a eles, os armários e as prateleiras do grande museu do mundo podem ainda acolher novidades —«espécies», como o novo vocabulário lineano do tempo as designa.
9A viagem de Augusto St-Hilaire, como ilustra o volume aqui apresentado, se insere perfeitamente neste período de ebulição e de mudanças; ela vem mesmo a ser, pelos seus resultados, uma das mais ricas expressões da época. Experiência individual mas também coletiva, ela se situa na interseção de profundas mudanças de regimes: de conhecimento, mas também de regimes políticos. Ao desembarcar no Brasil, Bompland estava, por sua vez, assumindo a posição de professor de história natural em Buenos Aires. Enquanto ele chega acompanhando o embaixador da França, o Duque de Luxemburgo, um outro compatriota, o pintor neoclássico Jean-Baptiste Debret aporta no Rio como membro da dita «Missão Artística Francesa»21. Nestes primeiros anos do século 19, um perpetuará, com suas descrições, as plantas desta terra ainda pouco explorada; o outro registrará, com a pena ou o lápis, seus habitantes, através de um conjunto de gravuras cujo valor etnográfico é indiscutível22. No cruzamento destas duas obras, o antigo regime dos conhecimentos assentado na associação do Brasil ao paraíso é posto à prova: a infinidade das espécies naturais está prestes a transformar a floresta equatorial em inferno vegetal; a abundância dos recursos levados às metrópoles pelo mecanismo econômico da escravidão é profundamente questionado.
10Pois, se conhecimentos e políticas se configuram reciprocamente, o Brasil mais uma vez se apresenta como um caso exemplar. No Rio de Janeiro, a data de 1816 reflete uma outra conjuntura: o botânico francês, que desembarcou na esteira da queda do império napoleônico e da recomposição da ordem internacional traçada pelos tratados de Viena, é também testemunha da inversão da relação colonial dentro do Império português. Pois, não somente desde 1808, a família real portuguesa encontrara refúgio no Rio, e o governo como a corte se instalaram na colônia, mas em 1815, o território brasileiro é elevado à categoria de reino, unido ao de Portugal, do qual Dom João vi se torna o novo monarca em 1816, após a morte de sua mãe. O ano em que Saint-Hilaire retornou à França, 1822, é também o da declaração de independência do Brasil. Por isso, além do necessário destaque ao seu trabalho de botânico, é importante notar que suas descrições geográficas e suas anotações sobre as regiões visitadas fazem dele também um geógrafo, um historiador ou um etnólogo.23 Ao longo destes anos brasileiros, ao lado de outros sábios europeus, suas observações contribuíram para a entrada das ciências nos processos de produção das independências.
11Desde os relatos de viajantes atraídos pela imensidão amazônica ao longo destes diferentes séculos, até as anotações das expedições científicas, passando pelos relatos de conversões, ou relatórios administrativos, o Brasil se inscreveu firmemente no olhar francês sobre o mundo. Não cabe a nós dizer se a recíproca faz sentido. No entanto, se há algo que distingue Auguste de Saint-Hilaire, nesta longa lista, é justamente este sentido de reciprocidade que seu nome evoca em ambos os lados do Atlântico. Isto se evidencia, desde o século xix, pelas traduções em português de seus textos24; ou ainda hoje, pelos projetos digitais ligados a seus trabalhos, que são codirigidos por instituições dos dois países25. Assim, não podemos senão agradecer aos editores deste volume por colocar Saint-Hilaire e a botânica do século xix no centro das circulações que deram forma a uma modernidade compartilhada.
Notes de bas de page
1 O papel do Brasil nos Ensaios de Montaigne foi fundamental em vários pontos de vista, na reflexão sobre o outro ou sobre o conhecimento: ver Le Brésil de Montaigne. Le Nouveau Monde des «Essais», 1580-1592 [escolha dos textos, introdução e notas de Lestringant Frank], Paris: Chandeigne: 2005, 317 p. Num contexto teológico-político radicalmente diferente, o Brasil desempenhou um papel determinante na primeira análise dos povos do mundo que aparece num texto ocidental com ambição filosófica; a Historia natural y moral de las Indias do jesuita José de Acosta (Séville, 1590). Seu objetivo de descrever o Novo Mundo está na origem de uma tomada de consciência do caráter doravante global do écúmeno. Isto o leva a elaborar uma síntese dos povos da Terra, divididos em categorias, sendo que a última delas, a dos selvagens, é baseada nos conhecimentos disponíveis sobre os habitantes do Brasil, mais precisamente «os Caraíbas antropófagos, os Chiriguanos, os Moxos, a maior parte dos índios da Flórida e do Brasil». Ver Acosta (José de), De procuranda Indorum salute, Salamanca: Guillermo Foquel, 1588, p. 73.
2 Texto que permaneceu por muito tempo manuscrito: Avezac (Armand d’), Campagne du navire l’Espoir de Honfleur (1503-1505): relation authentique du voyage du Capitaine de Gonneville ès nouvelles terres des Indes…, Paris: Challamel aîné, 1869, 115 p. Por outro lado, desde suas primeiras edições, os relatos de Thevet e de Léry acompanharam a história do conhecimento sobre o Brasil: Thevet (André), Cosmographie de Levant [rev. & augm. de plusieurs fig.], Lyon: J. de Tournes & G. Gazeau, 1556, 418 p. ; Léry (Jean de), Histoire d’un voyage fait en la terre du Brésil (1557) [apresentado e anotado por Lestringant Frank; precedido de uma entrevista com Claude Lévi-Strauss], Paris: Librairie générale française, 1999, 670 p.
3 Foi exatamente baseando-se neste palimpsesto que Blaise Cendrars organizou seu ensaio Le Le Brésil. Des hommes sont venus, Monaco: Documents d’art, 1952, XXXII + 115 p.
4 Companheiro de travessia de Pedro Álvares Cabral e redator da carta de 1° de maio de 1500 que anuncia ao rei Manuel I de Portugal a descoberta do Brasil.
5 Cendrars (Blaise), Le Brésil…, op. cit., p. 9 sq.
6 Lévi-Strauss (Claude), Tristes tropiques, Paris: Plon, 1955, p. 89. Esta referência não é nem a última, nem exclusiva dos antropólogos: ainda está por ser feita uma análise detalhada de sua importância na obra de M. de Certeau, que lhe dedica um dos textos mais contundentes sobre a escrita ocidental da história: ver L’écriture de l’histoire, Paris: Gallimard, 1975, pp. 215-248: estudo intitulado «Ethno-graphie. L’oralité ou l’espace de l’autre: Léry».
7 Foi o estudo dos Achuars do Alto Amazonas que permitiu a Philippe Descola analisar a relação humano-não humano: Descola (Philippe), Par-delà nature et culture, Paris: Gallimard, 2005, 623 p. ; «À propos de Par-delà nature et culture », Tracés. Revue de Sciences humaines, vol. 12, no1, 2007, pp. 231-252. O Brasil levou assim o Collège de France a passar de uma cátedra de antropologia sociial à uma cátedra de antropologia da natureza. Sobre o lado brasileiro desses debates, ver principalmente os trabalhos de Viveiros de Castro (Eduardo Batalha), From the enemy’s point of view: humanity and divinity in an Amazonian Society, Chicago: The University of Chicago Press, 1992, 407 p. ; The relative native: essays on indigenous conceptual worlds, Edinburgh: Hau, 2015, 366 p.
8 Ao expressão é retirada do título da principal obra do historiador Paul Hazard, La crise de la conscience européenne, Paris: Boivin & Cie, 1935, obra imersa no centro dos anos 1680-1715 visando compreendrer a transição para a modernidade no espaço europeu.
9 Citaremos, a título de exemplo, os textos produzidos pelos missionários jesuitas a partir de meados do século XVI, que enviam a primeira mensagem de desencanto e de dúvida vis-à-vis de um duplo processo de colonização e de conversão. Ver Laborie (Jean-Claude), Mangeurs d’homme et mangeurs d’âme, une correspondance missionnaire au xviesiècle, la lettre jésuite du Brésil, 1549-1568, Paris: Honoré Champion, 2003, 645p. ; La mission jésuite du Brésil: lettres et autres documents (1549-1570), Paris: Chandeigne, 1998, 350p. ; Moura Ribeiro Zeron (Carlos Alberto de), Ligne de foi: la Compagnie de Jésus et l’esclavage dans le processus de formation de la société coloniale en Amérique portugais, Paris: Honoré Champion, 2009, 573 p.
10 Marburg, chez Kolb, 1557. Agradeço a Rafael Mandressi pela leitura estimulante deste texto no âmbito de um seminário intitulado «Le Brésil à Marbourg», apresentado na ehess em fevereiro de 2015
11 Sobre as viagens científicas, Bourguet (Marie-Noëlle) & Licoppe (Christian), «Voyages, mesures et instruments: une nouvelle expérience du monde au Siècle des lumières», Annales. Histoire, Sciences Sociales, 52e année, no 5, 1997, pp. 1115-1151; Bourget (Marie-Noëlle) & Bonneuil (Christophe) (sob a dir.), «De l’inventaire du monde à la mise en valeur du globe. Botanique et colonisation (fin xviiesiècle-début xxesiècle)», Revue française d’histoire d’outre-mer, t.86, no 322-323, 1999, pp. 7-169; Bourguet (Marie-Noëlle) & Lacour (Pierre-Yves), «Les mondes naturalistes. (Europe, 1530-1802)», in Pestre (Dominique) (sob a dir.), Histoire des sciences et des savoirs de la Renaissance à nos jours, t.1. : De la Renaissance aux Lumières [Van Damme Stéphane, sob a dir.], Paris: Seuil, 2015, pp. 254-281. Sobre a importância do Brasil na economia global dos saberes do século xviii, Safier (Neil), Measuring the New World: enlightenment science and South America, Chicago: University of Chicago Press, 2008, 387 p. ; «Transformations de la zone torride Les répertoires de la nature tropicale à l’époque des Lumières», Annales. Histoire, Sciences Sociales, vol. 66, no 1, 2011, pp. 143-172; Kury (Lorelai) & Gesteira (Heloisa) (sob a dir.), Ensaios de história das ciências no Brasil das Luzes à nação independente, Rio de Janeiro: EdUerj, 2012, 327p.
12 La Condamine (Charles-Marie de), Relation abrégée d’un voyage fait dans l’intérieur de l’Amérique méridionale…, Paris: Veuve Pissot, 1745, 216 p. ; Relation abrégé d’un voyage fait de l’intérieur de l’Amérique méridionale, depuis la côte de la mer du sud, jusqu’aux côtes du Brésil & de la Guyane, en descendant la rivière des Amazones, Maestricht: Dufour & Roux, 1778, 379 p. ; Brosses (Charles de), Histoire des navigations aux Terres Australes, Paris: Durand, 1756, 2 t. Sobre o tema da «lenda negra», Navarro Brotóns (Victor) & Eamon (William) (sob a dir.), Beyond the Black Legend: Spain and the scientific revolution, Valencia: Universitat de València, 2007, 529 p., ill.
13 Gerbi (Antonello), La disputa del Nuovo mondo: storia di una polemica, 1750-1900, Milano: Ricciardi, 1955, X + 783 p. ; Gliozzi (Giuliano), Adam et le Nouveau Monde, Lecques: Théétète Éditions, 2000, 542 p. ; Pagden (Anthony), The Fall of Natural Man: the American Indian and the origins of comparative ethnology, Cambridge: Cambridge University Press, 1986, xii + 268 p. ; Cañizares-Esguerra (Jorge), How to write the history of the New World: histories, epistemologies, and identities in the eighteenth-century Atlantic world, Stanford: Stanford University Press, 2001, xviii + 450 p.
14 Ver, neste volume, o quadro de C. Sarthou, pp. 160-161.
15 É o que demonstra nomeadamente, numa reflexão centrada nos interesses botânicos dos filósofos, Drouin (Jean-Marc), L’Herbier des philosophes, Paris: Seuil, 2008, 320 p. Interessando-se por autores muito ou pouco conhecidos —Auguste de Saint-Hilaire figura já neste livro— ele mostra em que medida a botânica, como ciência ou como prática, se oferece como espaço de questionamento filosófico e de resolução filosófica de problemas. Remetemos também para suas belas páginas de sua contribuição no presente volume, que retomam o tema da botânica como «ciência filosófica», pp. 73-85. Para uma conceituação do momento Saint-Hilaire, ver, no presente volume, o quadro de J.-P. Gasc, pp. 150-153.
16 Tal foi igualmente o sentido da expedição Malaspina dos anos 1789-1794, a primeira a ser conduzida por ordem do rei da Espanha e destinada a percorrer todas as terras da américa e da Ásia deste império. Ver Figueroa (Marcelo Fabián), «Contested locations of knowledge: the Malaspina expedition along the eastern coast of Patagonia(1789)», in Kontler (László), Romano (Antonella), Sebastiani (Silvia) & Török (Borbála Zsuzsanna) (sob a dir.), Negotiating knowledge in early modern empires. a decentered view, New York: Palgrave Macmillan, 2014, pp.129-152. Sobre os trabalhos de Saint-Hilaire e a busca da utilidade, ver a contribuição de Maria das Graças Lins Brandão, neste volume, pp. 333-357.
17 Sobre as diferentes instituições ligadas ao momento Saint-Hilaire, ver o quadro de D. Lamy, neste volume, pp. 196-197.
18 Blanckaert (Claude), Cohen (Claudine), Corsi (Pietro) & Fischer (Jean-Louis)(sob a dir.), Le Muséum au premier siècle de son histoire, Paris: Muséum national d’Histoire naturelle, 1997, 687 p. ; Spary (Emma C.), Le Jardin d’utopie: l’histoire naturelle en France de l’Ancien Régime à la Révolution, Paris: Muséum national d’Histoire naturelle, 2005, 407 p. ; Daugeron (Bertrand), Collections naturalistes entre science et empires (1763-1804), Paris: Muséum national d’Histoire naturelle, 2009, 635 p. ; Daugeron (Bertrand) & Le Goff (Armelle) (sob a dir.), Penser, Classer, Administrer: pour une histoire croisée des collections scientifiques, Paris: Muséum national d’Histoire naturelle; cths, 2014, 415 p. ; Lacour (Pierre-Yves), La République naturaliste. Collections d’histoire naturelle et Révolution française (1789-1804), Paris: Muséum national d’Histoire naturelle, 2014, 614 p.
19 L’Herbier du Muséum. L’aventure d’une collection, Paris : Artlys ; Muséum national d’Histoire naturelle, 2013, 158 p. em part. Lamy (Denis), « Histoire de l’herbier. Le voyage des collections dans le Jardin des Plantes de 1635 à 2013 », pp. 9-25.
20 Ver principalmente Voyage de Humboldt et Bonpland: voyage aux régions équinoxiales du Nouveau Continent: fait en1799, 1800, 1801, 1803 et 1804, Paris: F. Schoell, 1815-1825, 3 vol.
21 Sobre a missão Debret, remeto, neste volume, para o texto de Jean-Yves Mérian, pp. 31-57.
22 Ver a reedição do livro: Debret (Jean-Baptiste), Voyage pittoresque et historique au Brésil, Paris: Imprimerie nationale; Arles: Actes Sud, 2014, XXXIII + 635 p.
23 Ver, neste volume, a contribuição de C. Damasceno, pp. 239-269, além da biobibliografia organizada por D. Lamy, pp. 417-473.
24 Sobre a circulação dos trabalhos de Saint-Hilaire nos periódicos, ver, neste volume, a contribuição de Y. Marcil, pp. 289-305.
25 É o caso do «herbário virtual» que associa duas instituições brasileiras e duas instituições francesas: Instituto de Botânica, Secretaria o Meio Ambiente, São Paulo, e o Centro de Referência em Informação Ambiental, CRIA, Campinas; o MNHN de Paris, e o Institut des Herbiers Universitaires, Clermont-Ferrand. Ver o website: http://hvsh.cria.org.br/index.
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1997
Le Muséum au premier siècle de son histoire
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