As Imagens do Brasil nos Manuais Escolares de Português Feitos em França
p. 489-504
Texte intégral
Os manuais de português
Manuais e métodos examinados
1Por razões práticas, parece-nos mais simples colocar em primeiro lugar o título das obras, em vez do nome dos autores, como se faz geralmente nas bibliografias.
2– Aprender o português de hoje, tomo 1, Método para adultos, Formação continua, L. Cruz, M. Cruz, F. Massa, J.M. Massa, J.Y. Mérian, Centro de Estudos Luso-Brasileiros, Universidade de Haute-Bretagne, 1972.
3– Aprender o português de hoje, tomo 2, Método para adultos, Formação continua, L. Cruz, O. Fonseca, F. Massa, J.M. Massa, J.Y. Mérian, O. Soares, Centro de Estudos Luso-Brasileiros, Universidade de Haute-Bretagne, 1973.
4– Aprendendo a brincar, Eunice Vouillot, Éditions l’Harmattan, 1986
5– (O) Brasileiro sem pena, M.P. Legriel, Méthodes Assimil, 1985
6– Contos e crônicas de expressão portuguesa, J. Dias da Silva, S. Parvaux, J. Penjon, Presses Pocket, 1986.
7– Larousse da conjugação portuguesa A.N. Anido-Freire, 1986.
8– Manual de Língua portuguesa, Portugal-Brasil, P. Teyssier, Éditions Klincksieck, 1976.
9– Mundos, S. Parvaux, A.M. Pascal, L. Petit, R. Rousseau, M.H. Thomas, CRDP de Rouen, 1984.
10– Passatempo, M. Gamboa, CRDP de Rouen, 1981.
11– (O) Português para todos em quarenta lições, Brasil-Portugal, J. Dias da Silva, S. Parvaux, Presses Pocket, 1983.
12– (O) Português sem pena, J.L. et A. Cherel, Méthodes Assimil, 1983.
13– (O) Português de hoje pelos textos, Método para adultos, Formação Continua, M.F. Bidault, F. Massa, Centro de Estudos Luso-Brasileiros, Universidade de Haute-Bretagne, 1983, continuação de Aprendendo o português de hoje.
14– (O) Português do Brasil pelo método audio-visual, O. Baranda, M. Laranjeira, M. Melat, J. Roche, Editions Vuibert, 1968.
15– Manual de gramática portuguesa R. Cantel, Éditions Vuibert, 1968
16– Score, 100 testes fáceis e rápidos (português) J. Dias da Silva, S. Parvaux, Presses Pocket, 1985.
Centro nacional de ensino a distância (cned)
17Os cursos para o segundo grau começaram em 1976 no centro de Rennes. O centro de Rouen iniciou os cursos para o primeiro grau em 1977. Estes dirigiram-se, em primeiro lugar, aos alunos lusófonos, e a partir de 1984, aos alunos principiantes em Português. Em 1977, iniciaram também os primeiros cursos no centro de Vanves.
18Alguns desses cursos foram redigidos por Edmée Fonseca. Depois, foram reatualizados, cada dois anos.
Centro de Rennes
Curso para principiantes
19– Curso para classe de «seconde» (principiantes 1° ano): LV2 (3) (iniciado na «seconde»); LV3 (4), redigido por Jorge Dias da Silva e M. Manuela Granes.
20– Curso para classe de «première» (principiantes 2 ano): LV2 (iniciado na «seconde»); LV3 (iniciado na «première»), redigido por Jorge Dias da Silva e M. Manuela Granes.
Curso de português iniciado nas classes do 1° grau (LV1 ou LV2)
21– Curso para classe de «seconde»: LV1 (1) – LV2, «terminale» (LV2 ou LV3, iniciado na «seconde»), redigido por Madalena da Cruz e Pierre Léglise-Costa.
22– Curso para classe de «première»: LV1 ou LV2, redigido por de Castro, Sibille e Trompowsky.
23– curso para a classe de «terminales»: LV1 ou LV2, redigido por Isabelle Sibille.
CNED de Rouen
Curso de Português LV1 para alunos lusófonos
24– Curso de Português «Lusófono» (LV1 6e), redigido por Élisabeth Clanet e por Carlos Rafael Marecos.
25– Curso de Português «Lusófono» (LV1 5e), redigido por Elisabeth Clanet.
26– Curso de Português «Lusófono» (LV1-4e), redigido por Raphael Lucas-Curso de Português «Lusófono» (3e todas categorias LV1), redigido por Raphaël Lucas
Curso de Português para principiantes
27– Curso de Português para principiantes (1° ano) – (LVI 6e – LVII.4e), redigido por Chantal Marcovich
28– Curso de Português para principiantes (2° ano) (LVI. 5e – LVII. 3e), redigido por Chantal Marcovich.
29– Curso de Português para principiantes (3° ano) (LVI. 4e), redigido par Chantal Marcovich.
Centro de Vanves
30– Curso de Português Língua Viva para adultos, nível 1, redigido por Jorge Dias da Silva e M. Manuela Granes
31– Curso de Português Língua Viva para adultos, nível 2, redigido por Jorge Dias da Silva e M. Manuel Granes
32– Curso de Português, Língua Estrangeira Aplicada (LEA), nível 3, redigido por Jorge Dias da Silva e M. Manuela Granes
33– Curso de Português, Língua Estrangeira Aplicada (LEA), nível 4, redigido por Pedro Trompowsky
34– Curso de Português, Língua Viva para adultos, Língua falada e Civilização (LCC), nível 3, redigido por I. Sibille e P. Trompowsky
35– Curso de Português, Língua Viva para adultos, Língua falada e Civilizaçaõ (LCC), nível 4, redigido por I. Sibille et P. Tromposky
Autores portugueses e brasileiros cujos textos ilustram o brasil nos manuais. textos procedentes da imprensa.índice de frequencia
Os autores portugueses são designados por um asterisco
Jorge Amado | 15 |
Carlos Drummond de Andrade | 13 |
Érico Veríssimo | 12 |
Cassiano Ricardo | 9 |
Manuel Bandeira | 7 |
Cecília Meireles | 7 |
* Pero Vaz de Caminha | 6 |
José Lins do Rêgo | 6 |
* José Maria Ferreira de Castro | 5 |
Mário de Andrade | 4 |
Machado de Assis | 4 |
Ledo Ivo | 4 |
José Mauro de Vasconcelos | 4 |
Vinícius de Moraes | 3 |
Carlos Eduardo Novaes | 3 |
Graciliano Ramos | 3 |
* Padre Antônio Vieira | 3 |
José de Alencar | 2 |
Oswald de Andrade | 2 |
Aluísio Azevedo | 2 |
Rubém Braga | 2 |
J.C. de Carvalho | 2 |
Dorival Caymmi | 2 |
Sérgio Buarque de Holanda | 2 |
Rubém Mauro Machado | 2 |
Jarbas G. Passarinho | 2 |
Henrique Pongetti | 2 |
Raquel de Queiroz | 2 |
João Guimaraēs Rosa | 2 |
Fernando Sabino | 2 |
Martinho da Vila | 2 |
36Nomes que aparecem uma vez:
37Márcio Moureira Alves
38Glorinha Bandeirante
39Jorge Barbosa
40Olavo Bilac
41C. Bojunga
42Raul Bopp
43P. Mendes Campos
44R. de Carvalho
45Galeão Coutino
46P. Vasques Cuesta
47Autran Dourado
48Thomas A. Gonzaga
49Chico B. de Holanda
50Lopo Homem
51Mário Juruna
52Jorge de Lima
53Monteiro Lobato
54M.A. Mendes da Luz
55Ant. Alcântara Machado
56Presidente Médici
57João Cabral de Melo Neto
58F. Portela
59Ângelo Raimundo
60Marques Rebelo
61Darcy Ribeiro
62He. Sales
63Ariano Suassuna
64Geraldo Vandré
65Luís Fernando Veríssimo
66Artigos de imprensa
Isto é | 3 |
Veja | 3 |
Realidade | 1 |
Visão | 1 |
Outros | 2 |
67Aparecem também uma vez: o Manifesto do Verdamarelismo e um trecho de «literatura de cordel»
68Para realizar os diferentes manuais, foram utilizados textos de autores muito variados. Se os autores contemporáneos são muito mais numerosos, a ocorrência de alguns autores mais antigos demostra que o Brasil foi também abordado na sua perspectiva histórica e na evolução de sua cultura e civilização.
69Esta grande variedade demostra que numerosos aspectos do Brasil foram ilustrados. A presença marcada de Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade e Érico Veríssimo atesta que são grandes pintores da sociedade de seu tempo.
Classificação dos temas repertoriados
70Entende-se por tema o conjunto dos documentos sobre um assunto (não somente os textos literários).
71É difícil estabelecer uma classificação homogênea dos temas abordados nas diferentes obras que estudamos. Com efeito, um mesmo assunto pode aparecer em diversos itens, e torna-se difícil classificá-lo numa ou noutra parte. Se é fácil classificar a descoberta do Brasil no item «História», pode-se, por exemplo, perguntar onde classificar os documentos sobre o açúcar já que podem aparecer no item «Regiões», mas também em «Economia» ou «Civilização. A mesma preocupação diz respeito ao «boom» da borracha. Tivemos, portanto, de fazer opções que podem parecer arbitrárias. Os diversos temas brasileiros encontrados nos manuais e métodos serão classificados da seguinte maneira:
Mapas geográficos
Apresentação geográfica
História
Os ciclos históricos
O Brasil do Ouro
Açucar, café, cacau
Aspectos da civilização
Escravidão e negritude
Os cultos afro-brasileiros
Diversos1
As regiões
A Amazônia
O Nordeste
O Sul
Economia, desenvolvimento industrial
As cidades
Povoamento e população. A infância
Os clichês
Os aspectos da língua
Frequência dos temas abordados
72Entende-se por frequência dos temas as suas ocorrências nas obras, sem levar em conta sua porcentagem em cada uma. Delas isso dá uma idéia dos centros de interesse privilegiados.
73Estudaremos mais adiante qual é a variedade e a intensidade dos temas em cada obra.
1. Diversos aspectos da civilização | 23 |
2. População e povoamento. A infância | 20 |
3. As cidades | 18 |
4. História | 16 |
5. Mapas geográficos | 12 |
6. Apresentação geográfica | 12 |
7. A Amazônia | 11 |
8. O Nordeste | 11 |
9. Os aspectos da língua | 10 |
10. O Sul | 07 |
11. Escravidão e negritude | 05 |
12. Açúcar, café, cacau | 05 |
13. O Brasil do Ouro | 04 |
14. Os cultos afro-brasileiros | 04 |
15. Economia e desenvolvimento industrial | 04 |
16. Os clichês | 02 |
Os temas abordados por obras
VARIEDADE DOS TEMAS E NÚMERO DE DOCUMENTOS UTILIZADOS PARA ABORDÁ-LOS EM CADA OBRA
74Por documentos utilizados, entendem-se todas as fontes de informação sobre o Brasil que se encontram nas obras: mapas, textos de escritores, textos elaborados pelos autores dos manuais, ilustrações, documentos de imprensa, notas, etc.
Título da obra | Núm. de temas abordados | Número de documentos | |
MUNDOS | 15 | 84 | |
CNED ROUEN-PORTUGUÊS LUSÓFONO, 4° | 15 | 19 | |
CNED RENNES – LV1-LV2, 1° | 12 | 33 | |
CNED RENNES – V1-LV2 (2°) – LV2-LV3 (Terminales) | 12 | 32 | |
CNED VANVES – LCC nível 3 | 12 | 16 | |
O BRASILEIRO SEM PENA | 11 | 26 | |
CNED ROUEN-Português lusófono (5°) | 11 | 12 | |
CNED RENNES – LV1-LV2 (Terminales) | 10 | 34 | |
CNED ROUEN – Português lusófono (3°) | 10 | 13 | |
APRENDER O PORTUGUÊS DE HOJE, tomo 2 | 9 | 13 | |
CNED VANVES – LCC nível 4 | 8 | 13 | |
CNED ROUEN – Português lusofono (6°) | 7 | 21 | |
PASSATEMPO | 5 | 14 | |
CNED VANVES – LEA nível 4 | 5 | 12 | |
CNED ROUEN – Português principiante (1° ano) | 5 | 10 | |
APRENDER O PORTUGUÊS de HOJE, tomo 1 | 4 | 12 | |
PORTUGUÊS PARA TODOS EM 40 LIÇÕES | 3 | 35* | |
CNED RENNES LV2-LV3 (1° «Terminale» | 2 | 3 | |
CNED VANVES adultos nível 2 | 2 | 2 | |
CONTOS E CRÕNICAS DE EXPRESSÃO PORT. | 1 | 9** | |
MANUAL DE LÍNGUA PORTUGUESA | 1 | *** | |
PORTUGUÊS DO BRASIL PELO MÉTODO | 1 | **** | |
AUDIO-VISUAL | |||
OPORTUGUÊS SEM PENA | 1 | 2 | |
CNED ROUEN Português Principiante (2° ano) | 1 | 1 | |
CNED VANVES adultos, nível 1 | 1 | 1 | |
SCORE, 100 TESTES FÁCEIS E RÁPIDOS | 1 | ***** | |
MANUAL DE GRAMÁTICA PORTUGUESA | 1 | ****** | |
APRENDENDO A BRINCAR | 0 | ||
CNED RENNES LV2-LV3 (2° ano) LV3 (1°) | 0 | ||
CNED VANVES LEA nível 3 | 6 | ||
LAROUSSE DE CONJUGAÇAO PORTUGUÊSA | 0 | ||
PORTUGUÊS DE HOJE PELOS TEXTOS | 0 |
BALANÇO
75Os manuais de gramática portuguesa apresentam apenas um aspecto do Brasil (o da especificidade da língua em relação à norma portuguesa) e constituem apenas um complemento aos diversos métodos de ensino e às antologias. No entanto, se o Manual de língua portuguesa de Paul Teyssier ou O Português para todos em 40 lições de Jorge Dias da Silva e Solange Parvaux sempre cotejam as duas normas, é lamentável que o Larousse da Conjugação Portuguesa não faça menção nem das diferenças de tratamento entre os dois países, nem da colocação dos pronomes complementos, na norma brasileira.
1° Grau (5a - 8a s.)
76O CNED de Rouen parece ser o mais rico, apesar de numerosas lacunas: não existe quase nada sobre o Brasil para as 5a – 7a séries LV2. Ora, neste caso seria um centro de interesse digno de evocar e aprofundar nessas séries porque a introdução de imagens do Brasil contribui a dar sua dimensão internacional à língua portuguesa e ao seu ensino. Uma iniciativa como a de Passatempo deveria ser aprofundada e poderia servir de exemplo.
2° Grau
77MUNDOS e o CNED de Rennes oferecem imagens muito diversificadas do Brasil e de sua civilização, apoiando-se em numerosos documentos, mesmo se podemos deplorar que o curso para a classe de «2de (LV2, LV3) e o curso para a classe de «1re», levem em consideração o mundo lusófono sem a dimensão brasileira. Como no primeiro grau, o Brasil deveria ser introduzido mesmo na fase de iniciação à língua portuguesa.
Cursos para adultos
78Excluindo os métodos especificamente dedicados ao Brasil (O PORTUGUÊS DO BRASIL PELO MÉTODO AUDIO-VISUAL, O BRASILEIRO SEM PENA), verifica-se que os níveis mais elevados são que oferecem maior abertura sobre o mundo brasileiro: o CNED de Vanves omite por completo o Brasil em 1° e 2° anos para adultos, e só fala dele nos níveis 3 e 4 de LCC e nível 4 de LEA. Quanto ao método da Universidade de Haute-Bretagne, Aprender o Português de Hoje, apesar de abordar pouco o Brasil, visto o público a quem se dirige, é sobretudo no tomo II que é tratado.
79Observa-se que é necessário, primeiro, iniciar-se à língua portuguesa e a Portugal, para poder depois descobrir o Brasil; tudo se passa como se se tratasse de uma especialização após uma iniciação.
80A partir desse fato, podemos perguntar:
será por causa da proximidade geográfica de Portugal?
será por causa da forte emigração portuguesa na França, e de um ensino que se dirigia, em primeiro lugar, às crianças imigradas quando começou a se desenvolver na França?
será em razão da distância considerável do Brasil, portanto mais inacessível?
será por falta de formação dos professores na área brasileira?
81Mesmo se parece importante fixar uma norma (seja a de Portugal, seja a do Brasil), seria conveniente dar maior espaço ao Brasil e à sua cultura nos métodos de ensino de Português, isso a partir dos primeiros anos do 1° grau levando-se em conta a importância deste país no mundo lusófono, o seu peso na América Latina e o papel que desempenha no mundo, do ponto de visita tanto econômico quanto cultural.
Conclusão geral sobre os manuaís de português
82Como já vimos, as imagens do Brasil são geralmente transmitidas pelos métodos destinados aos alunos do 2° grau ou a alunos que já conhecem a língua portuguesa (6a s. luso, LEA, LCC) enquanto os principiantes mal são iniciados à realidade brasileira.
83Convém também determinar quais imagens são transmitidas quando o Brasil é abordado nos métodos: as imagens veiculadas correspondem a várias realidades, dando uma idéia equilibrada do país, excepto em duas obras O BRASILEIRO SEM PENA, O PORTUGUÊS DO BRASIL PELO MÉTODO AUDIO-VISUAL, nos quais os temas são exclusivamente urbanos (em particular Rio de Janeiro, na segunda obra).
84Em geral, a visão oferecida não reflete os clichês habituais, comuns entre os não iniciados (Terceiro-Mundo, carnaval, samba, futebol, índios).
85A idéia que predomina é a do Brasil na sua diversidade cultural, geográfica, e na sua dimensão histórica. Quanto mais numerosos e variados são os temas abordados numa obra, mais rica é a imagem do Brasil (MUNDOS, por exemplo). Mas quando uma obra oferece poucos documentos sobre o Brasil, as imagens que transmite não são realmente falsas mas demasiado fragmentárias, o que empobrece a visão global do país.
86Os diversos manuais selecionam as imagens do Brasil, conforme o público ao qual se dirigem. Podemos observar que os métodos escolares (MUNDOS, CNED) fazem um esforço para ilustrar o Brasil na sua diversidade, abundantemente, com fidelidade, em conformidade com os programas do Ministério da Educação Nacional, que levam em conta as diferentes áreas culturais do mundo lusófono. Estes métodos, de fato, são destinados a iniciar os futuros especialistas de Língua, Literatura e Civilização Luso-Brasileiras. Em compensação, os métodos não-escolares, que dão maior ou menor importância ao Brasil, privilegiam certos aspectos, em função de seus objetivos. APRENDER O PORTUGUÊS DE HOJE fala pouco do Brasil, porque este método se dirige a um público de adultos destinado a trabalhar em contato com os imigrantes portugueses na França. Pelo contrário, ASSIMIL, mais orientado para os turistas, elaborou dois métodos distintos, um para o Portugal (O PORTUGUÊS SEM PENA), o outro para o Brasil (O BRASILEIRO SEM PENA), deixando até pensar que o «Brasileiro» é uma língua distinta do Português. Este último método divulga um certo número de clichés sobre o Brasil, que reecontramos em O PORTUGUÊS DO BRASIL PELO MÉTODO AUDIO-VISUAL.
87Estas obras, voltadas para o turismo e o mundo dos negócios dão a imagem de um Brasil estereotipado, rico, atraente, exóticamente europeizado: as personagens movem-se num mundo de telenovela, passando as noites em clubes noturnos de Copacabana e os fins de semana em casa de amigos, proprietários de uma fazenda. No entanto, O BRASILEIRO SEM PENA aborda certos aspectos da civilização como a cozinha ou os cultos afro-brasileiros.
88Portanto é ainda necessário fazer esforços, a diversos níveis, para dar ao Brasil seu devido lugar nos vários métodos de aprendizagem da língua portuguesa. Em certos casos, trata-se pura e simplesmente de introduzir imagens do Brasil até então inexistentes. Outros métodos teriam vantagem em diversificar os aspectos culturais do país que apresentam. Mas também não é dentro dos manuais exclusivemente consagrados ao Brasil que se encontram as imagens mais fiéis. O exemplo dado em MUNDOS e em certos cursos do CENTRO DE ENSINO À DISTÂNCIA poderia servir de exemplo e ser desenvolvido.
NOTAS
891. ver o quadro das correspondências entre as classes brasileiras e as classes francesas, publicado no final da comunicação de Hervé Théry «A imagem do Brasil nos manuais franceses de história e geografia».
902. LVI = Língua viva 1, ou seja a primeira língua viva cujo estudo é escolhido na classe de «6e» (penúltimo ano do primeiro grau) entre as seguintes línguas: alemão, inglês, árabe, espanhol, italiano, português e russo.
913. LV2 = Língua viva 2, ou seja a segunda língua cujo estudo começa na classe de «4e» (dois anos mais tarde) e que pode ser escolhida na mesma lista de línguas.
924. LV3 = língua viva 3, ou seja a terceira língua viva cujo estudo pode ser começado na classe de «seconde» (dois anos depois da classe de «4e»); ela pode ser escolhida na lista acima mencionada, à qual se acrescentam o chinês e o japonês.
935. O curso de português lusófono LVI, dirige-se aos alunos que já possuem um certo conhecimento da língua quando entram na classe de «6e»; são geralmente alunos naturais dos países de língua portuguesa: países da África lusófona, Brasil e Portugal).
Notes de bas de page
1 Entende-se por «diversos aspectos da civilização» textos ou documentos pouco numerosos para formar itens independentes, tais como o carnaval, a música e os instrumentes, a capoeira, a arte culinária, o futebol, as telenovelas, etc.
Auteurs
Professor «certifié» de português
Professor «Agrégé» de português – SFLES – ADEPBA
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