Capítulo 1. Literatura e literatura popular?
Casos exemplares
p. 7-17
Texte intégral
1Desejo, antes de mais, saudar quantos aqui estão presentes para dar sua contribuição a este singular colóquio das Artes da Fala, da fala do povo, já se vê, e no lugar próprio, o coração do Alentejo, onde a palavra poética será ouvida, dita, cantada, é como consubstancial ao espírito do povo.
2Não é nossa intenção, minha intenção, apenas expor friamente, discutir academicamente ideias, formas, normas literárias, mas tirar delas as consequências sociopolíticas que se impõem. Mal viremos ou estar, se não soubermos aproveitar este raro tempo de ampla liberdade, onde não faltam já sinais de uma possível opressão. E daí que o que vou dizer parecerá num ponto ou noutro ter ressaibos de comício, o que me não importa, já que de magistral conferência se não trata.
3Entremos em matéria.
4Um merecido louvor; o de terem Paulo Lima e o professor Freitas Branco criado este espaço aberto para ouvir, sem reticências e no lugar próprio, a voz inspirada, e em alguns casos profética, social e politicamente autorizada de poetas alentejanos, ou directa ou indirectamente por via de autorizados comentadores.
5Pelo que me toca, um esclarecimento: o meu discurso tem um só destinatário: o povo, o comum povo rural alentejano, a quem venho dizer a minha missa, que, suponho, aqui terá algum efeito. Colegas de ofício, estudantes adiantados e os que com poucas ou nenhumas letras ou experiência ensinou, pouco ou nada terão de levar para casa.
6Titulo da minha intervenção: “Literatura e literatura popular? Casos exemplares”. Logo se põe em dúvida a existência de duas literaturas, tal como as apresentam os sábios da escrita. E repare-se que separam uma da outra, a primeira a autêntica literatura, a outra, inferior, como adiante se verá. Vamos primeiro com eles até onde os deixemos.
7Define-se literatura como o conjunto de obras literárias de um país, de uma época. Literatura portuguesa, literatura portuguesa do século XVIII.
8Até aqui não há lugar, formalmente, para duas literaturas uma vez que se não exclui a que o povo cria. Mas seguem-se normas de composição, a teoria literária a observar:
- conhecimento da gramática;
- adequado aproveitamento de autores, lidos.
9Logo, uma literatura de letrados onde não cabe a do povo, por analfabeto ou de poucas letras. Esta noção geral de literatura, a que se tem na escola, da primária à universitária. Os manuais dela se ocupam. Aque anda na voz do vulgo, a das quadras e romances, fábulas e contos, ditos e provérbios chama-se-lhe popular, para lhe fixar a origem, a fonte donde brota, mas muito mais para dizer de menos preço, de outra e inferior qualidade. E há até quem a considere uma filha degradada, uma subespécie da dita culta.
10O termo até nos aparece para nos dizer que uma ideia, um conceito, são populares, de pouco ter em conta. Agregam-se textos desta origem a selectas literárias nas escolas, mais para alívio do ensino sério do que como matéria educativa. E por isso mesmo é que pouco se reflecte sobre o conteúdo moral das narrativas, que não raro são deseducativas, como a do macaco juiz, que toma para si o que é alheio ou a que premeia a entrega ao dono de objecto que se achou, o que tudo vem de duvidosa moralidade, socialmente reprovável.
11Só quando o vulgo começa a entrar de pleno direito na vida politíca da nação com o liberalismo, do começo do século XIX por diante, é que se abrem os olhos para a sua arte verbal. E foi Garrett quem primeiro a estudou e quis mesmo reformar a literatura portuguesa pela imitação de seus modelos; mas atenção, depois de os afeiçoar ao seu gosto, que tais como os ouviu os tinha por rudes e toscos.
12Depois de Garrett é com o estudo científico dos costumes populares que o apreço da voz poética do povo ganhou novo impulso. E aí estão Teófilo Braga, Adolfo Coelho e Leite de Vasconcellos. Mas cuidado, que as limitações são muitas e profundas. Para Teófilo Braga o povo é “… rude, inculto, ingénuo, classe baixa, inferior… a poesia… espontânea, pura, voz incontrolada dos sentimentos, quase como a das aves e o sopro dos ventos…” (81). A gestação popular tira, pois, toda a possibilidade de lucidez intelectual. Salva-se-lhe, só, a pureza da inspiração.
13Adolfo Coelho, educador, que utiliza como substância da sua obra a narrativa do vulgo, vai dizendo dele que é inculto, atrasado, instintivo em seu comportamento, “incapaz de organizar sistematicamente os seus conhecimentos”. Não se eleva a “altas concepções téoricas”, “à sua arte falta o cunho da individualidade, da originalidade, da superior complexidade”. E basta de defeitos assinalados por um grande investigador, mas que do povo fala tendo sempre vivido arredado dele, e sempre utilizando textos de segunda mão.
14Leite de Vasconcellos, que o povo amou e com ele tratou, também o tem por ignorante e ingénuo, reconhecendo-lhe, porém, arte “exuberantemente lírica”. Como bom evolucionista, atribui-lhe aptidão para criar obra perfeita, mas aprendendo as regras, já se vê, que entretanto compara a seixos que, rolados, vão dar a preciosas jóias líricas.
15E com quem ficamos depois? De modo geral com gerações que foram vivendo sob o controlo político de um estado, primeiro constitucional, republicano e logo totalitário, por meio século, acomodando-se umas, sofrendo e resistindo outras sob feroz perseguição que ia do desemprego ao cárcere e ao assassínio. Deixem-me que lhes conte, um tanto ao lado do meu tema, o que aconteceu a um amigo e colega de curso, o melhor aluno da Faculdade de Letras de Lisboa, Alberto Emílio de Araújo. Preso, de regresso de Moscovo, já licenciado, é metido num calabouço do Governo Civil de Lisboa, onde ele e outros mal tinham chão para se sentar. Chamado a confesso, pelas noites dentro, em vão o torturaram. Deportaram-no, depois, para o Tarrafal de Cabo Verde, sem julgamento, e aí o tiveram dez anos, ao cabo dos quais o mandaram para Portugal, tuberculoso de um rim, que não houve meio de curar. Mário Dionísio, também nosso colega na Faculdade, evoca com grande emoção o seu funeral em notícia publicada na revista Vértice. Ainda não foi prestada a cidadão de tão grande estatura política, social, intelectual, a homenagem nacional que merece. O pequeno busto de Almada parece-me pouco.
16E retomemos o fio ao discurso. Os estudiosos da nossa literatura continuam publicando manuais com total ausência da literatura popular.
17A propósito vou reproduzir o que uma vez escrevi:
Os homens de letras pertencem, na sua maior parte, a meios urbanos, a gentes mais ou menos abastadas, que pouco convívio têm com o povo iletrado, cujas artes desconhecem ou não admiram. Na escola, só excepcionalmente se tem de ocupar deste aspecto da cultura, persiste uma tradição literária… aristocrática, livresca. E ainda quando procede do povo depressa o erudito se esquece, se chega a estar lembrado, dos seus tesouros artísticos. Transita de um estrato social a outro e nele fica fechado. E nem os que quebram as algemas desse limitado universo intelectual e descem do palácio à rua para aclamar o povo e os produtos do seu engenho alcançam às vezes a liberdade que buscam. Se todos admiram as ideias, não faltam os que depreciam as formas. E já vimos isso.
18Caiu-se numa excessiva valorização da escrita, como se só ela desse ciência e arte. E deste falso juízo comunga o próprio povo, que não raro se lamenta de sua ignorância, proclamando que quem sabe são os que andam na escola. Não é de outro modo que se exprime a poetisa de talento Rosa Helena Rodrigues, de Beringel:
Mesmo que tenhas idade
É bonito vires aprender
Verás quanto é bom saber
Podes ter a liberdade
De dizer isto é verdade
Porque eu acabei de ler.
19Como se a palavra escrita fosse certificado de verdade. Podes escrever, ouve-se, para dizer isto é verdade. E mais:
Se tiveres boa vontade
E aprenderes com alegria
Não sentirás arrelia
Porque aprender, na verdade,
É sair da obscuridade
Transformar a noite em dia.
20e entramos, então, no mundo da luz, saídos das trevas.1
21Não podemos, é evidente, negar os prodigiosos benefícios do ler e escrever, o que, sim, queremos é que se não despreze a sábia lição que dia a dia e fora da escola a vida nos vai dando.
22Concretizemos um tanto a nossa exposição.
23Tenhamos diante um poeta erudito em processo de criação. Consciente ou inconscientemente foram-se elaborando as tramas de um poema — ainvenção só aparentemente é espontânea. À inspiração segue-se o ofício de escrever, que tem seus preceitos. E a poesia ou traduz um aspecto de realidade do mundo em que se vive, da comum realidade, ou a transcende e se transita ao domínio da transcendência, em que supremas verdades se ocultam à relativamente limitada visão do ser comum que somos, e aí estão os poetas maiores de hoje e de sempre.
24Não é de outro modo que nasce e se cumpre a poesia na génese popular. Porquê, então, inferior? Nos temas? Que haverá de novo no homem que o homem não tenha aprendido ou suspeitado ao longo de tempos sem conta? Primitivismo? Que contrafacções à pura filosofia da vida não têm sido criadas pelo espírito moderno, em descanso e liberdade?
25Proscreva-se, definitivamente, a falsa ideia de um povo inculto, porque não andou na escola, ou pouco a frequentou, de artes menores, que inspiração, talento e ciência não são exclusivos dos doutores das letras.
26Como remate de doutrina provemos, lendo e comentando alguns textos exemplares de poetas alentejanos, já que no meio deles estamos, que não há, repetimos, uma literatura superior, a dos mestres da escrita, e outra inferior, a do vulgo que se tem por ignorante, mas só uma, a literatura. Comecemos em Portalegre, com Francisco Martins Baptista:
Sou poeta popular
Eu adoro a poesia
Não posso isto negar
Porque, negando, mentia
1
Sou poeta porquesou
Não aprendi com ninguém
Foi isto que a minha mãe
Sendo pobre me deixou.
Foi dela que me ficou
O condão familiar
Por isso quero dar
Mais vida a este motivo
Dizer enquanto for vivo
Sou poeta popular.
2
Comecei a fazerquadras
Quando guardava gado,
Com a ponta do cajado
Escrevia nas estradas.
Ficavam ali marcadas
Alguém passava e as lia
Logo o boato corria
Com o máximo carinho
E assim desde miudinho
Eu adoro poesia.
3
Hoje não possoesconder
A minha inspiração
Pelo prazer que me dão
Os versos que sei fazer.
Gostaria eu de ser
A voz do povo a falar,
Com palavras a rimar,
Dizer o que há de novo,
gosto de tudo o que é povo
Não posso isto negar.
4
Repito ninguémensina
O poeta a ser poeta
Ao nascer segue directa
A via a que se destina.
É uma graça divina
Que recebem cada dia
Por essa ordem eu queria
Se pudesse ir mais além
E confirmá-lo acho bem
Porque negando mentia.
27Aqui se exprime um conceito que devia ser comum e ainda não é, o de que se nasce poeta, virtude que se não aprende. E não traz sinal de riqueza nem de pobreza, é ou não é de todos.
28Outra nota a registar: poesia vive-se, como força que se não reprime. É a voz do povo que o poeta quer publicar, transmitir. E o sentido de transcendência está na graça divina.
29E passemos a Évora, com Gil Quintas, mestre na arte de compor quadras. Assim o tem Paulo Lima, hoje quem mais sabe, entre nós, deste género de poesia; que escreve: “… o poeta popular Gil Quintas.
30Eis a quadra:
Abalei da minha terra
e olhei para trás chorando
adeus terra da minha alma
Tão longe me vais ficando
1
Numa noite tãorigorosa
fui mostrar o meu valor
eu fiz de mim vingador
numa noite tão brigosa
minha mãe tão carinhosa
subiu ao alto da serra
viu andar meu peito em guerra
e o meu coração em perigo
e por conselhos de um amigo
abalei da minha terra.
2
Subi as altascampinas
vi altos medonhos rochedos
passei as noites com medo
até vir a luz divina
vi a estrela melancolina
por ela me fui guiando
por Deus do céu fui bradando
que acudisse a um desgraçado
lembrou-me o meu pai amado
e olhei para trás chorando.
3
Na relva verde doprado
encontrei-me com a negra fome
se a Virgem me não acode
pelas feras era tragado
para passar mais um bocado
recostei-me à verde palma
para que passassse mais a calma
estive um pouco descansando
eu despedi-me soluçando
adeus terra da minha alma.
4
Minha mãe bem medizia
que de casa não abalasse
tudo quanto eu precisasse
tudo ela me daria
tristeza e melancolia
tudo a mim se vem chegando
tudo por mim vai passando
e parece que é obra de castigo
é por essa razão que eu digo
tão longe me vais ficando.
31O texto desenvolve um caso de emigração clandestina.
32Levado de palavra de amigo, sem ouvir as preces de sua mãe, meteu-se a salto para França.
33Caminhos ínvios, montes rochosos, altas campinas, dia e noite escondido, acossado pelo medo e pela fome, o coração partido de saudades da terra e da família, eis o quadro dramático que se nos representa.
34Uma entre as muitas e tormentosas odisseias da imigração.
35E chegámos a Portel, o berço e o coração deste nosso colóquio. E de Portel é o poeta José Isidoro Mestre Madeira. Tiro do livro de Paulo Lima, p. 107, Poetas de Cá, esta nota biográfica: “… Só frequentou a escola durante algumas semanas, nunca aprendeu a ler ou escrever. Desde os seis ou sete anos que começou a trabalhar no gado, como ajuda no princípio, hoje como pastor. Sempre viveu em montes. Pertence à família conhecida como os Barriga Verde, alcunha pela qual é conhecido. Além de homem de quadras, também é famoso pelo cante, nomeadamente por um tipo particular conhecido pelo cante das gralhas (cantigas a um a só voz sem recurso a instrumentos, tendo como base uma quadra dobrada que é cantada com a batida do fado).”
36Leio e comento, entre várias, uma sua composição:
Só o pastor não faz greve
Nunca despreza o seu gado
O pastor não lê nem escreve
E é ele o mais educado
1
Trabalha todos osdias
Até mesmo no feriado
É mal recompensado
E tem poucas regalias
Nas noites de Inverno e frias
Onde o vento bate leve
Quando cai chuva de neve
E não ganha o necessário
Não luta por mais salário
Só o pastor não faz greve.
2
Não tem um dia defesta
Na serra guarda o rebanho
Quando vai ao povo é estranho
Pois a sua vida é esta
Mesmo que durma uma sesta
Ou numa pedra sentado
Tem que ter a seu cuidado
Todos esses animais
Não tem novas como os mais
Nunca despreza o seu gado.
3
Ao romper da belaaurora
É quando sai da choupana
Não tem um fim-de-semana
E sua vida não melhora
Cá no monte aonde mora
Eu quero-lhe dizer breve
Como não teme nem deve
Deixar a obrigação
Só pensa na produção
O pastor não lê nem escreve.
4
Nunca vai areuniões
E sente-se muito orgulhoso
Não tem um dia de gozo
Nem nas praias ou excursões
Gosta de fazer acções
E muito ser respeitado
Foi pena não ter estudado
Para ser mais instruído
Mesmo sem ter aprendido
E ele o mais educado.
37Anda com o gado pelo monte, de manhã a noite, ao vento e ao frio; éasua gente e com ela fala:
Queres ouvir o que uma ovelha
Um dia me disse a mim
Não quero ir para Vila Boim
Nem para a Carrada da Telha.
38Isto me faz lembrar o meu pai, que dos dezasseis anos em diante foi moiral de ovelhas na beira-serra do Algarve, com as quais também falava, levando cada uma delas pelo seu nome.
39Tão soldado está José Mestre ao ofício que, indo ao povo, no povo se sente estranho.
40Ler e escrever não é para a sua absorvente lida, que lhe dá dignidade e lhe não dá tempo para distracções mundanas. E, se lamenta não ter andado mais na escola, contrapõe o muito que lhe tem ensinado o seu mister de pastor, que tem como a melhor fonte de educação.
41Terminemos com estas décimas de José António Charrua Serra, da aldeia de Amieira, também de Portel:
Coitado de quem é pobre
Triste de quem nada tem
Quem é rico sempre é nobre
Ainda que seja um ninguém
1
Um pobre nadamerece
Por mais que se ande a cansar
Quando não pode trabalhar
Já o rico o não conhece
Se alguma falta lhe aparece
O rico não o encobre
Mesmo que o dinheiro sobre
Não arremedeia nada
A pobreza é desgraçada
Coitado de quem é pobre.
2
O que Deus fez está bemfeito
Pela sua mão sagrada
Dar a uns tudo a outros nada
É que eu não acho jeito
Tem que o pobre estar sujeito
A passar mais mal que bem
Andar aqui e além
Sem amparo nem abrigo
Por esta razão o digo
Triste de quem nada tem.
3
Vive um pobre bem criado
Cumprindo o seu dever
Quando lhe faltando ter
Não é visto nem achado
Vive um rico relaxado
Não há justiça que o dobre
Sem prata, ouro e cobre
Fia-se nas algibeiras
Pode fazer maroteiras
Quem é rico sempre é nobre.
4
A fazenda éinvejada
O dinheiro quer estar junto
Quem tem é que vale muito
Quem não tem não vale nada
Esta está declarada
Para quem o entenda bem
Fadista que de fora vem
Fazendo-se de muito abonado
Por todos é respeitado
Ainda que seja um ninguém.
42Denúncia poeticamente vigorosa de injustiças sociais, mas aceitação pacífica, resignada, de desgraça para a qual se não acha remédio. Não se cerram os punhos em expressão de revolta.
43Cremos que os exemplos aduzidos, pela riqueza do seu conteúdo, de seus ritmos e rimas, provam suficientemente a razão e o absurdo que consiste em separar da literatura tida por superior, por erudita, a que vem do povo e se tem por inferior.
44E aqui acabo.
Notes de bas de page
1 Beja, Poetas Populares do Concelho de Beja (1987), p. 90.
Auteur
Professor da Universidade de Lisboa, director do CTPP
Le texte seul est utilisable sous licence Licence OpenEdition Books. Les autres éléments (illustrations, fichiers annexes importés) sont « Tous droits réservés », sauf mention contraire.
Castelos a Bombordo
Etnografias de patrimónios africanos e memórias portuguesas
Maria Cardeira da Silva (dir.)
2013
Etnografias Urbanas
Graça Índias Cordeiro, Luís Vicente Baptista et António Firmino da Costa (dir.)
2003
População, Família, Sociedade
Portugal, séculos XIX-XX (2a edição revista e aumentada)
Robert Rowland
1997
As Lições de Jill Dias
Antropologia, História, África e Academia
Maria Cardeira da Silva et Clara Saraiva (dir.)
2013
Vozes do Povo
A folclorização em Portugal
Salwa El-Shawan Castelo-Branco et Jorge Freitas Branco (dir.)
2003