Em torno desta reedição1
p. 13-19
Texte intégral
11. Um dos factores importantes na formação e desenvolvimento da disciplina antropológica nos vários países europeus no decorrer do séc. xix foi sem dúvida a opção entre o estudo das sociedades ditas primitivas e o estudo da tradição camponesa presente nas próprias sociedades europeias. Foi nos países onde triunfou a primeira opção – a Inglaterra e a França, nomeadamente – que a antropologia ganhou a feição que é hoje a sua. Nos restantes países –nomeadamente do Centro e do Norte da Europa – uma outra direcção de trabalho, secundária no desenvolvimento mais geral da reflexão antropológica oitocentista, tomou entretanto a dianteira: «the study of folklore and folk music, customs and costumes, housing and handicrafts as they existed in peasant society» (Gerholm & Hannerz, 1982).
2O triunfo desta direcção de trabalho é frequentemente relacionado com o desenvolvimento ao longo do séc. xix de tendências e movimentos nacionalistas (cf., por exemplo para a Finlândia, Wilson, 1976). Centrada na cultura popular entendida como a mais genuína expressão da ontologia de um povo, a reflexão antropológica nesses países tendeu de facto a configurar-se como um instrumento cultural e ideológico de asserção da identidade nacional.
3Se a situação nacional de Portugal apresenta em relação a esses países flagrantes diferenças, o mesmo não se pode dizer em relação às modalidades de formação e desenvolvimento da antropologia. Também aqui a antropologia se constitui, na parte final do séc. XIX, como uma reflexão orientada para o estudo da cultura popular, com particular ênfase na literatura e nas tradições populares. E também aqui, embora por razões diferentes das que operaram em muitos outros países europeus, o triunfo dessa perspectiva não é inteiramente entendível se não se levar em conta o peso da problemática da identidade nacional no discurso antropológico. Configurando-se como um elemento significativo da produção cultural oitocentista, também a antropologia parece ecoar aquela que é, segundo Eduardo Lourenço, a interrogação básica que percorre a cultura portuguesa dos últimos 150 anos: «descobrir quem somos e o que somos como portugueses» (Lourenço, 1978: 89/90).
42. Do conjunto de autores seus contemporâneos, os chamados «mestres» (Dias, 1952) –Adolfo Coelho, José Leite de Vasconcelos, aos quais haverá ainda que acrescentar Consiglieri Pedroso – Teófilo Braga é, talvez em conjunto com Adolfo Coelho, aquele onde é mais clara a articulação entre a antropologia e a problemática da identidade nacional2.
5Essa articulação começa por ser dada em referências mais ou menos explícitas dispersas um pouco por toda a obra antropológica de Teófilo Braga. Esta, como se sabe, compreende duas grandes vertentes: uma consagrada à literatura popular, com destaque para a poesia popular; e outra, mais vincada mente antropológica, cuja mais acabada expressão é «O Povo Português nos Seus Costumes, Crenças e Tradições» (1885). Desdobrando-se numa multiplicidade de recolhas, livros ou simples artigos, ela é amiúde apresentada pelo autor como concebida e realizada em obediência a um impulso em que o nacionalismo é relevante. Assim, em 1867, ao prefaciar uma das suas primeiras recolhas de literatura popular–o «Cancioneiro Popular Coligido da Tradição» –, Teófilo Braga, dando da situação portuguesa uma imagem catastrófica, refere-se desta maneira ao seu trabalho: «coligir a poesia popular portuguesa agora, no momento de transe, é como a garrafa ao mar que se atirava nos naufrágios: é para que se saiba que existiu este povo, que também sofreu e cantou» (Braga, 1867: VII). Guardando este tom pessimisa, ou alternando com expressões mais militantes, este sentimento nacionalista jamais abandonará a obra antropológica de Teófilo Braga. É aliás nele que ela parece ganhar uma das suas motivações mais duradouras. O modo como no seu conjunto ela tem por objectivo «servir uma intenção patriótica e nacional» (Planos Científicos, 1929: 468) foi já indicado como seu grande factor inspirador. Produzido a propósito de um plano de reedição das obras completas do autor, este julgamento adequa-se bem ao espírito em que a sua parcela antropológica parece mergulhar.
6A este investimento nacionalista de que é objecto a cultura popular portuguesa não é estranha a matriz romântica presente na obra de Teófilo Braga. Ela é particularmente visível nas primeiras obras do autor, dedicadas à poesia popular. A literatura popular surge aí como um dos reveladores do génio nacional e em particular da identidade poética do País. É numa perspectiva de redescoberta e regeneração desta que o seu labor se começa por configurar.
7Gradualmente, a obra de Teófilo Braga orientar-se-á porém para preocupações mais científicas. A aquisição destas não significa entretanto uma ruptura com a perspectiva romântica. Deitando sobre a cultura popular portuguesa um olhar científico, Teófilo Braga fá-lo frequentemente em obediência a um projecto em que aquela se continua a configurar como um terreno a partir do qual é possível pensar a identidade nacional.
8É de facto nessa perspectiva que pode ser entendido o modo como nele é recorrente o peso da etnogenia, isto é, de uma perspectiva valorizadora da descoberta e identificação das origens étnicas dos factos da cultura popular portuguesa. O que parece estar no fundo em causa é a possibilidade de dotar Portugal de uma espessura histórica, capaz de enraizar a sua identidade num passado provido dos argumentos da profundidade e da originalidade. Portugal, como nação, é visto como o produto não de um somatório de incidentes e contingências, mas de remotíssimas originalidades étnicas, bem mais fortes e poderosas. Reveladas pela literatura e pelas tradições populares, é a descoberta dessas originalidades étnicas que fornece a mais sólida motivação à obra de Teófilo Braga, na sua vertente científica.
9Esta dominância da etnogenia cristaliza-se de forma particularmente exuberante na sua reflexão sobre a poesia popular, posterior a 1871, data em que são editadas as «Epopeias da Raça Moçárabe» (Braga, 1871). Quer este texto, quer, posteriormente, a 3.a edição da «História da Poesia Popular» (Braga, 1902) configuram-se de facto como exaustivas tentativas de reconstituição das origens étnicas da poesia popular portuguesa, num esforço que não tem paralelo na produção contemporânea sobre o mesmo assunto. Conhecem-se os resultados contraditórios dessa reflexão: da tese moçárabe (Braga, 1871), Teófilo Braga evoluirá depois para a tese ligúrica (Braga, 1902). Mas não é tanto sobre esses resultados que convém insistir, como sobre o que eles traduzem: um esforço ímpar de descoberta da etnogenia de um núcleo preciso da tradição popular portuguesa.
10Eloquentemente dominante neste troço da sua obra, o peso da perspectiva etnogenética não deixa também de ser claro nos casos em que os seus textos se abrem para influências teóricas de sinal diferente. É isto justamente o que sucede com aquela que é geralmente considerada uma das obras maiores de Teófilo Braga: «O Povo Português nos Seus Costumes, Crenças e Tradições» (1885). Verdadeira encruzilhada de factos etnográficos, «O Povo Português» é também o ponto de encontro de modelos teóricos os mais distintos. Um dos aspectos mais marcantes deste eclectismo (cf. Branco, 1985) exprime-se na abertura a correntes de pensamento que tendem a colocar a análise num quadro outro que o etnogenético. Tanto o positivismo comtiano, ao qual entretanto Teófilo Braga se havia convertido, como, sobretudo, o evolucionismo, corrente então hegemónica na cena antropológica, são modelos teóricos claramente presentes em « O Povo Português...». E a sua influência tenderia naturalmente a afastar da análise referências étnicas, particularismos históricos, a dimensão nacional, enfim, dos factos da cultura popular. O que é justamente interessante verificar é o modo como estando presentes em «O Povo Português..» esses pontos de vista não inviabilizam uma análise etnogenética. Esta, pelo contrário, aparece sempre a secundar aqueles. Analisando os diferentes factos em termos das grandes correntes da evolução humana, Teófilo Braga mantém intacta a sua apreciação deles como vestígios das sucessivas camadas étnicas que povoaram Portugal. Ao lado do positivismo e do evolucionismo, a influência de correntes de pensamento mais interessadas nos antecedentes especificamente étnicos dos factos da cultura popular europeia–como a mitologia comparada e sobretudo o difusionismo turaniano3–é por isso igualmente evidente.
11Em resumo, para além da dimensão genericamente humana dos factos estudados, é para a sua dimensão nacional que acabamos constantemente por ser remetidos. Como diz Teófilo Braga: « Se nos seus resultados gerais a Etnologia deriva da investigação dos fenómenos passados nos agregados humanos, o conhecimento do homem médio, e das formas de progresso das necessidades, dos instintos, dos sentimentos, dos interesses e das ideias que agitaram essas colectividades na sucessão histórica das suas instituições políticas, económicas e morais, também sob o ponto de vista restrito a um dado povo esse estudo dos seus antecedentes sociais serve para determinar os seus caracteres nacionais, por isso que os costumes domésticos, as tradições, as formas de actividade, tudo isso é um elemento indistinto donde se vão destacando a Poesia, a Literatura, a Arte, a Indústria e a acção histórica de um povo na civilização. Tal é o ponto de vista em que nos colocamos ao coordenar os materiais deste livro em que descrevemos o Povo português nos seus Costumes, Crenças e Tradições» (Braga, 1885, I vol.: 3/4).
123. Nestes «Contos Tradicionais do Povo Português»4são os ecos do carácter estruturante da problemática da identidade nacional, na sua dupla vertente romântica e científica, que podemos reencontrar.
13Neles exibe-se, em primeiro lugar, a presença da matriz romântica. De facto, um dos factores de especificidade da recolha de Teófilo Braga, face às recolhas similares de Adolfo Coelho (1879) e de Consiglieri Pedroso (1910), é dado pelo peso atribuído às versões literárias da tradição popular. Grande parte do 2.° volume é justamente preenchido com materiais dessa natureza. É essa mesma abertura para a literatura erudita que é possível reencontrar no estudo que antecede esse volume, intitulado «Literatura dos Contos Populares em Portugal». Nele, Teófilo Braga tenta sistematizar numa perspectiva histórica os reflexos dos contos populares na produção literária erudita portuguesa. Por detrás desse interesse é claramente uma concepção romântica da literatura que triunfa. Como por várias vezes e em tons variados é indicado no próprio texto, trata-se de avaliar a literatura erudita portuguesa à luz da sua maior ou menor fidelidade ao elemento tradicional. Seria essa fidelidade a pedra de toque para decidir dos momentos e autores mais importantes na história literária portuguesa. Seria também à luz dessa fidelidade que se poderia encarar uma regeneração da literatura contemporânea, num sentido que é o do reforço nela do elemento tradicional e nacional. O peso desta visão é aliás explicitamente reconhecido pelo próprio Teófilo Braga quando este nos apresenta «Os Contos Tradicionais do Povo Português» como inseridos « num plano que visava ao intuito de estudar as tradições como fonte estética da literatura, procurando servir o pensamento do sentimento nacional pelos elementos de uma Biblioteca das Tradições Portuguesas» (1914: V).
14Acolhendo o impulso romântico em torno do qual se começa por constituir a obra de Teófilo Braga, «Os Contos Tradicionais do Povo Português» reflectem também o modo como esta, ao abrir-se para perspectivas científicas, o faz em direcção a problemáticas em que a etnogenia ocupa um lugar destacado. É isso que resulta de uma leitura atenta do ensaio « Da Novelistica Popular. Sua Origem, Persistência e Tradição», com que abrem «Os Contos Tradicionais..», e no qual Teófilo Braga explicita a sua perspectiva acerca dos contos populares. Nesse ensaio, tal como em «O Povo Português..», o que começa por prender a atenção é a presença de concepções estranhas à etnogenia. De facto, um dos aspectos centrais da proposta de Teófilo Braga é o modo como ela procura situar cada um dos grandes grupos em que se dividiria a «novelística popular» portuguesa por referência às grandes etapas do pensamento religioso, tal como estas foram definidas por Comte. Assim, as fábulas, apólogos e anexins remontariam ao estádio feiticista; os contos e epopeias ao estádio politeísta; e, finalmente, os casos, as novelas e lendas, e os exemplos e parábolas ao estádio monoteísta. Mas, tal como em «O Povo Português…», o recurso a uma perspectiva com estas características não significa a renúncia em trilhar os caminhos da etnogenia. Num segundo momento, apoiado fundamentalmente nos pressupostos da mitologia comparada e, sobretudo, do difusionismo turaniano, é a uma tentativa de identificação das origens étnicas dos diferentes géneros da «novelística popular» portuguesa que Teófilo Braga se dedica. fábulas, apólogos e anexins são identificados como sobrevivências das civilizações cuchita e mongoloide, de extracção turaniana. Os contos e epopeias são encarados como originários das civilizações indo-europeias, e é à luz, embora crítica, dos pressupostos da mitologia comparada que Teófilo Braga os analisa. Finalmente, os casos, as novelas e lendas, e os exemplos e parábolas, ter-se-iam originado já no quadro da civilização cristã e ocidental. Estamos naturalmente longe do carácter exaustivo e argumentado do esforço empreendido, com intenções semelhantes, a propósito da poesia popular. Comparativamente, o texto que temos vindo a analisar é sobretudo um esboço que, aliás, não será completado. Mas, por detrás dele, é de novo o carácter central da perspectiva etnogenética no estudo da cultura popular portugesa que emerge.
15Tanto através dela, como por intermédio da matriz romântica, é pois para o peso da problemática da identidade nacional na obra antropológica de Teófilo Braga que os «Contos Tradicionais do Povo Português», também eles, nos remetem. Foi no quadro da mesma ambição, que eles, como outros materiais da cultura popular portuguesa, foram recolhidos e tentaram ser analisados.
16A este respeito, não deixa de ser revelador que, dois anos depois da 1. a edição dos «Contos Tradicionais...», Teófilo Braga, ao regressar ao tema no quadro de um capítulo de « O Povo Português..» – significativamente intitulado « Contos, lendas, livros populares e História de Portugal na voz do povo –, o conclua da seguinte maneira: «O povo está mudo, e por isso não se lê no futuro; pelo conhecimento do seu passado vê-se que tinha uma forte individualidade étnica, com que resistiu à incorporação dos Estados peninsulares e, fortificando-se pela expansão colonial, assinalou-se na história pela circundução do globo» (Braga, 1885, II vol.: 517).
174. Independentemente, porém, do espírito com que Teófilo Braga a concebeu e realizou, esta colectânea acaba sobretudo por propor ao leitor um conjunto de textos – os contos eles mesmos–cujo fascínio permanece intacto. Pretexto, no quadro deste prefácio, para uma chamada de atenção para alguns dos constrangimentos que operam na antropologia oitocentista portuguesa e, mais particularmente, na obra de Teófilo Braga, estes «Contos Tradicionais do Povo Português» valem sobretudo, mais de cem anos depois, pelo espantoso material que encerram. Naturalmente susceptíveis de uma leitura que se deixe sobretudo cativar pelo fascínio das próprias histórias, daquilo que é contado e do modo como o é, os contos que agora se reeditam desafiam-nos de uma outra maneira. Neles é possível encontrar, com efeito, um conjunto extremamente valioso de informação para a investigação em áreas que, como a Antropologia e a História das Mentalidades, se dão como objectivo a tarefa de reflectir sobre as múltiplas manifestações das sociedades tradicionais. Mas não só: cristalizações privilegiadas de um modo de pensar, estes contos acabam por transportar consigo, também, um convite para que descubramos a lógica que os estrutura.
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BIB: BRAGA, J. Teófilo: 1867, Cancioneiro Popular Colligido da Tradição, Coimbra: Imprensa da Universidade. 1871, Historia da Poesia Portuguesa (Eschola Nacional). Epopêas da Raça Mosárabe, Porto: Imprensa Portugueza. 1883, Contos Tradicionaes do Povo Portuguez, 2 vols., Porto: Livraria Universal de Magalhães e Moniz. 1885, O Povo Portuguez nos Seus Costumes, Crenças, Tradições, 2 vols., Lisboa: Livraria Ferreira Editora. 1902, História da Poesia Popular Portugueza. As Origens (3.a edição rescrita), Lisboa: Manuel Gomes Editor. 1914/1915, Contos Tradicionaes do Povo Portuguez (2.a edição ampliada), 2 vols., Lisboa: J. A. Rodrigues e C.a Editores.
BRANCO, Jorge Freitas: 1985, «A Propósito da Presente Reedição», prefácio a Braga, T., O Povo Português nos Seus Costumes, Crenças e Tradições, I vol., Lisboa, D. Quixote: 15 a 25.
COELHO, F. Adolfo: 1879, Contos Populares Portuguezes, Lisboa: P. Plantier.
DIAS, A. Jorge: 1952, «Bosquejo Histórico da Etnografia Portuguesa», Sep. do Suplemento Bibliográfico da Revista Portuguesa de Filologia, vol. II, Coimbra: Casa do Castelo Editora.
FERRÉ, Pere: 1982, «Nota Prévia», a Braga, T., Romanceiro Geral Português, I vol., Lisboa, Vega: IX a LVII.
GERHOLM, Tomas e HANNERZ, Ulf: 1982 «Introduction: The Study of National Anthropologies», in Ethnos 47 (I-II): 5 a 25.
LOURENÇO, Eduardo: 1978, «Da Literatura como Interpretação de Portugal», in O Labirinto da Saudade. Psicanálise Mítica do Destino Português, Lisboa, D. Quixote: 85 a 126.
PEDROSO, Z. Consiglieri: 1910, Contos Populares Portugueses, Lisboa.
PLANOS SCIENTÍFICOS DA OBRA COMPLETA: 1929, in In Memoriam do Doutor Teófilo Braga, Lisboa, Imprensa Nacional: 468 a 473.
WILSON, William A.: 1976, Folklore and Nationalism in Modern Finland, Bloomington: Indiana University Press.
10.2979/FolkloreandNationali :Notes de bas de page
1 As reedições de «clássicos» da antropologia oitocentista portuguesa que têm vindo a ter lugar nos últimos tempos têm fornecido sobretudo um pretexto para a redescoberta da dimensão histórica da antropologia em Portugal e para a apresentação e discussão de alguns problemas nesse âmbito. Esta nota prévia aos «Contos Tradicionais do Povo Português» seguiu um caminho idêntico: de uma forma necessariamente sucinta procurou-se sobretudo apresentar o quadro mais amplo de preocupações em que esta recolha, com os estudos e notas que a acompanham, se inscreve.
2 Este aspecto tem sido sublinhado por vários autores; entre aqueles que mais recentemente se referiu a ele, conta-se Pere Ferré (Ferré, 1982).
3 A mitologia comparada, associada sobretudo ao nome de Max Müller, não se esgota na sua vertente etnogenética. Mas, privilegiando no estudo da cultura popular europeia o quadro indo-europeu, possibilita uma utilização valorizadora dos modos de constituição dos diferentes «corpus» nacionais de literatura e tradições populares. Quanto ao difusionismo turaniano–entusiasticamente praticado por Teófilo Braga –, sustenta a possibilidade de remontar a um fundo étnico turaniano, pré-indo-europeu, a origem de um grande número de tradições populares europeias.
4 Esta obra conheceu duas edições: a primeira data de1883 e a segunda de1914/15.
Auteur
Lisboa, Setembro de 1986
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