III. O coelhinho branco
p. 87-89
Texte intégral
1Quando o coelhinho branco voltou para casa depois de vir da horta, chegou à porta e achou-a fechada por dentro; bateu e perguntaram-lhe de dentro:–«Quem é?» O coelhinho respondeu:
Sou eu, o coelhinho,
Que venho da horta
E vou fazer um caldinho.
2Responderam-lhe de dentro:
E eu sou a cabra cabrês
Que te salto em cima
E te faço em três.
3Foi-se o coelhinho por aí fora muito triste e encontrou um boi e disse-lhe:
Eu sou o coelhinho
Que tinha ido à horta
E ia para casa
Fazer o caldinho;
Mas quando lá cheguei
Encontrei a cabra cabrês
Que me salta em cima
E me faz em três.
4Responde o boi: «Eu não vou lá que tenho medo.» Foi o coelhinho andando e encontrou um cão e disse-lhe:
Eu sou o coelhinho, etc.
5Responde o cão: «Eu não vou lá que tenho medo.» Foi mais adiante o coelhinho e encontrou um galo, a quem disse também:
Eu sou o coelhinho, etc.
6Responde o galo: «Eu não vou lá que tenho medo.» Foi-se o coelhinho muito mais triste, já sem esperanças de poder voltar para casa, quando encontrou uma formiga que lhe perguntou: «Que tens tu, coelhinho?»
Eu vinha da horta, etc.
7Responde a formiga: «Eu vou lá e veremos como isso há-de ser.» Foram ambos e bateram à porta; diz-lhe a cabra cabrês lá de dentro;
Aqui ninguém entra
Está cá a cabra cabrês
Que lhes salta em cima
E os faz em três.
8Responde a formiga:
Eu sou a formiga rabiga,
Que te tiro as tripas
E furo a barriga.
9Dito isto, a formiga entrou pelo buraco da fechadura, matou a cabra cabrês, abriu a porta ao coelhinho, foram fazer o caldinho e ficaram vivendo juntos, o coelhinho branco e a formiga rabiga.
10(Coimbra)
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