Um palco e um cenário. A frontaria alentejana e as Guerras Fernandinas (1369-1382)
Résumés
O território que hoje corresponde ao Alentejo, mais concretamente o que se encontra junto à fronteira com o antigo reino de Castela foi, durante toda a Idade Média, um dos mais importantes pontos de penetração em território nacional, se não mesmo o mais importante. Assim, durante o reinado de D. Fernando (1367-1383), a capacidade de resposta da comarca de Odiana, tanto ofensiva como defensiva, vai ser posta à prova. Este trabalho pretende demonstrar, através da análise das fontes disponíveis, sobretudo narrativas, como o poder régio conseguiu solucionar alguns dos problemas relacionados com a gestão e organização da guerra nesta região. Num âmbito mais alargado iremos observar a complexidade das relações fronteiriças luso-castelhanas, algo singulares, mas típicas da Baixa Idade Média europeia, caracterizadas por um tipo de operações militares de curta duração que tinham por objetivo enfraquecer a capacidade económica do inimigo e minar a sua soberania.
The territory that today corresponds to the Alentejo region, namely that which is near the border with the old Kingdom of Castile was, throughout the Middle Ages, one of the most important points of penetration in Portuguese territory, if not the most important. Thus, during the reign of King Fernando (1367-1383), the response capacity of the comarca (administrative circumscription) of Odiana will be put to the test. This work intends to show, through the analysis of the available primary sources, particularly the narrative ones, how royal power managed to solution problems related with the management and organization of war in this region. In a broader range we will observe the complexity of Portuguese and Castilian border relations, to some extent singular, albeit typical of the Late Middle Ages, based on a type of short-term military operations with the objective of weakening the economic power and authority of the enemy.
Entrées d’index
Keywords : Alentejo, military orders, wars of Fernando I of Portugal, military organization, Castile, 14th century
Palavras chaves : Alentejo, ordens militares, guerras fernandinas, organização militar, Castela, séc. XIV
Texte intégral
Introdução e metodologia
1O estudo da guerra enquanto fenómeno estruturante da vida na Idade Média suscitou pouco (ou nenhum) interesse dos investigadores portugueses até finais dos anos 80 do séc. XX, quando Oliveira Marques elencou as principais características da guerra terrestre e naval, durante a Baixa Idade Média, no quarto volume da obra Nova História de Portugal1. A este desinteresse, quase generalizado, não foi alheio o rescaldo da Segunda Guerra Mundial e a consequente aversão à violência, bem como a influência dos Analles e da Nouvelle Histoire, que encaravam a História Militar como uma variante secundária da História, circunscrita à descrição de batalhas e à participação de figuras históricas de relevo nas mesmas. Este paradigma foi alterado de forma progressiva devido à intervenção de historiadores de grande capacidade como Philippe Contamine que, através de dois trabalhos absolutamente fundamentais – Guerre, État et société à la fin du Moyen Âge: études sur les armées des rois de France, 1337-14942 e La Guerre au Moyen Âge3 – provou que a guerra era muito mais do que uma prática marginal, circunscrita a alguns meios da sociedade medieval; na verdade, fazia parte do quotidiano e tinha implicações de ordem social, económica, administrativa, fiscal e demográfica, sendo por isso necessário estudar o recrutamento, o abastecimento, o armamento, a composição dos exércitos e os seus efetivos, entre outros aspetos.
2 Em Portugal, salvo algumas contribuições pontuais mas pouco abrangentes, faltavam estudos que abordassem a guerra numa perspetiva global e envolvente, facto que só aconteceu após a publicação de A Guerra em Portugal nos Finais da Idade Média4, da autoria de João Gouveia Monteiro, onde se traça uma radiografia à organização militar de Portugal entre o início do reinado de D. Fernando (1367) e a Batalha de Alfarrobeira (1449), cobrindo todos os aspetos da atividade bélica do período, num estudo pioneiro que avivou a curiosidade sobre a História Militar e preparou o caminho para a investigação que se lhe seguiu. Não muito tempo depois, em 2003, foi publicada uma obra conjunta, cujo primeiro volume foi dirigido por José Mattoso, intitulada Nova História Militar de Portugal5. De entre os inúmeros contributos positivos que trouxe, salientamos a sua abordagem inovadora, uma vez que os capítulos são escritos por historiadores que se tinham destacado em vários campos de investigação relacionados com a História Militar Medieval, nomeadamente Mário Barroca, Luís Miguel Duarte e João Gouveia Monteiro. Mais recentemente, em 2014, veio a público a tese de doutoramento de Miguel Gomes Martins, com o título A Arte da Guerra em Portugal (1245-1367)6. Este trabalho constitui o estudo mais detalhado, existente até hoje, sobre a prática da guerra entre meados do séc. XIII e o final do reinado de D. Pedro I (1367).
3 Ainda assim, faltam estudos que incidam sobre a problemáticas das relações fronteiriças e a organização militar de espaços geograficamente delimitados, ao contrário do que já acontece com a historiografia espanhola que tem progredido muito neste domínio. De um conjunto mais alargado que poderíamos citar, destacamos o estudo de Mario Lafuente Gómez denominado Por caminos sinuosos: la defensa y el control del territorio en Aragón durante la guerra de los dos Pedros (1356-1366)7, um contributo importante para a compreensão dos mecanismos adotados pela Coroa de Aragão na defesa das comarcas fronteiriças com Castela, onde se interligam as vias de comunicação com os espaços fortificados e a importância da transmissão de notícias. Também relevante, conquanto mais totalizador, é o extenso artigo La organización militar en Cataluña en la Edad Media, de María Teresa Ferrer i Mallol8.
4 Neste trabalho pretendemos olhar para a frontaria alentejana de um modo pormenorizado e atento, procurando realçar as particularidades da guerra na região durante as Guerras Fernandinas (1369-1383). Contudo, devemos realçar que as fontes documentais para este período são escassas quando comparadas com outras geografias da Guerra dos Cem Anos, onde os investigadores têm à sua disposição listas de recrutamento, notas de despesa, correspondência pessoal, entre outras. Para suprir essa lacuna recorremos à ajuda das fontes narrativas – portuguesas, castelhanas e francesas – particularmente a Crónica de D. Fernando9, da autoria de Fernão Lopes, como meio indispensável para ilustrar ações militares e comportamentos que, de outro modo, seriam impossíveis de detetar. Não obstante, à semelhança do que já foi referido por alguns autores, como Kelly DeVries10, devemos ter presente que este tipo de fontes é fruto de uma época em particular, com uma agenda própria e que dependem, inclusivamente, da formação do autor, do seu conhecimento (ou não) dos assuntos relacionados com a guerra e do tempo que dista entre os factos relatados e a sua redação.
Uma oportunidade interessante: a primeira Guerra Fernandina (1369-1371)
5D. Fernando ocupava o trono de Portugal há pouco menos de três meses quando se travou a Batalha de Najéra, a 3 de abril de 1367, num local onde se tocavam as fronteiras dos reinos de Navarra, Aragão e Castela. De um lado encontrava-se Pedro, o Cruel, auxiliado pelo contingente anglo-gascão liderado pelo senhor da Aquitânia e Príncipe de Gales, Eduardo de Woodstock, filho primogénito de Eduardo III de Inglaterra, posteriormente cognominado de Príncipe Negro11; do outro encontrava-se Henrique de Trastâmara, meio-irmão de Pedro, auxiliado por grande parte da alta nobreza castelhana, bem como por Bertrand du Guesclin, reputado cavaleiro francês de origem bretã, à frente de um corpo de mercenários das Companhias Livres, num contingente que era ainda composto por aragoneses e genoveses. A vitória neste recontro viria a sorrir a Pedro: Henrique colocou-se em fuga e du Guesclin foi capturado12. Contudo, desavenças – relacionadas com o tratamento dado pelos partidários de Pedro aos prisioneiros de guerra e com a falta do pagamento prometido ao Príncipe Negro – levaram a que o filho de Eduardo III regressasse aos seus domínios na Aquitânia; vitorioso, mas financeiramente arruinado. Por seu turno, a estrela de Pedro já não brilhava e viria mesmo a apagar-se, fruto de uma derrota junto às muralhas de Montiel, em 14 de março de 1369, e consequente morte às mãos do seu irmão Henrique, a 23 do mesmo mês13.
6 Perante este cenário, D. Fernando entrou em cena como pretendente ao trono do reino vizinho, uma vez que era descendente (bisneto) de Sancho IV de Castela. Na tomada de decisão do monarca português muito terá pesado o apoio que lhe foi prometido por parte de algumas localidades castelhanas – Zamora, Corunha, Ourense, Lugo, Tui, Ciudad Rodrigo, entre outras14 ̶ assim como as juras de fidelidade feitas pelos partidários de Pedro, alguns deles exilados em Portugal, nobres com grande influência, sobretudo na região da Galiza, dos quais podemos destacar os representantes da poderosa linhagem dos Castro, D. Fernando e o seu irmão D. Álvaro, João Fernandes Andeiro, Soeiro Eanes de Parada (adelantado da Galiza), ou o mestre da Ordem de Alcántara15. Entretanto, D. Fernando procurava limitar a iniciativa castelhana através da diplomacia: por um lado tratava de firmar uma aliança com o rei de Granada16, que assim se comprometia a continuar a guerra com Castela; por outro, aproximava-se habilmente de Aragão, assegurando o seu apoio através de uma aliança matrimonial, segundo a qual o rei português casaria com a infanta Leonor, filha do soberano aragonês17.
7 Antes do início da campanha, e certamente antecipando que a resposta de Henrique II de Castela à sua incursão na Galiza seria vigorosa, D. Fernando tomou os habituais «avisamentos» que antecediam as operações militares propriamente ditas: ordenou o reforço da vigilância nas fortalezas, adotando medidas de segurança bastante rígidas, como sejam a abertura das portas após o nascer do sol e o seu encerramento quando o sol se punha, vedando o acesso ao interior das povoações a alguma pessoa que «conhecida nom fosse»; acautelou o abastecimento de víveres nas vilas do reino, sobretudo de pão, estabelecendo ainda que o gado fosse recolhido dos campos; e, por fim, mandou cortar as árvores mais altas que existiam em redor dos lugares18.
8 Assim, em julho de 1369, D. Fernando entrou na Galiza acompanhado por D. Álvaro Peres de Castro e por D. Nuno Freire, mestre da Ordem de Cristo, ocupou a Corunha e seguiu para Monterrey, cuja rendição apenas conseguiu após recorrer a engenhos de cerco e bastidas19. Simultaneamente, uma frota portuguesa constituída por cerca de 30 galés e comandada pelo almirante Lançarote Pessanha, fustigava as costas da Andaluzia e, após saquear Cádis, veio a ancorar junto a Sanlúcar de Barrameda, efetivamente bloqueando a cidade de Sevilha e impossibilitando qualquer tipo de comunicação e abastecimento; esta ação naval viria a durar perto de um ano20.
A defesa de Odiana
9 Feito este breve, embora necessário, enquadramento, importa perceber de que modo o monarca português organizou a frontaria alentejana. Na verdade, dispomos de poucas informações relativamente a medidas específicas relacionadas com os preparativos para a defesa da comarca, sem esquecer as que acima mencionámos e que seriam aplicáveis a todo o reino, conquanto saibamos que foram nomeados dois alcaides após a invasão da Galiza, curiosamente para castelos que distavam pouco entre si, Portalegre e Arronches, tendo sido nomeados Vasco Martins Leitão21 e Diogo Soares de Albergaria22, respetivamente.
10A adoção de medidas de carácter específico apenas surgiria a partir do último trimestre de 1369, com D. Fernando a proceder à nomeação de fronteiros23. Este cargo era «ativado» em situações excecionais, relacionadas com a guerra, e era normalmente reservado a individualidades procedentes da nobreza cortesã, de um círculo restrito de confiança régia, a quem competia organizar a defesa de uma localidade e do seu termo, no caso de se tratar de um fronteiro de lugar, ou de uma região, no caso de se tratar de um fronteiro-mor, sobrepondo-se a todos os demais cargos civis e militares24. No seu contingente integravam-se os vassalos régios que constavam do «Livro dos Vassalos» da comarca e respetivas mesnadas, bem como os efetivos oriundos das milícias concelhias da região25. Neste caso em particular, o rei centrou a organização do dispositivo em torno do fronteiro-mor, que deveria supervisionar a ação de três fronteiros de lugar colocados em Estremoz, Elvas e Olivença. Esta preocupação geográfica sugere uma clara noção de que as incursões castelhanas se realizariam na área compreendida por este triângulo, propiciadas pela proximidade de Badajoz (há muito um espinho cravado no flanco da monarquia portuguesa…) e pelos inúmeros recursos de que as ordens militares castelhanas dispunham na região.
Cadeia de comando
11O comando da força portuguesa foi entregue aos dois infantes, João e Dinis, filhos da ligação de D. Pedro com Inês de Castro e, portanto, meios-irmãos de D. Fernando. Ainda assim, somos confundidos por Fernão Lopes que indica ambos no cargo de fronteiro-mor26, uma situação que se nos afigura como improvável, com Salvador Dias Arnaut a ver nesta passagem um sinal de que D. Dinis era hierarquicamente inferior ao irmão, rematando este assunto do seguinte modo: «em dois outros pontos Fernão Lopes é mais claro: o fronteiro-mor era D. João (nem fala de D. Dinis)»27. D. João de Castro teria, nesta altura, pouco mais de 20 anos de idade e, não sendo ainda um guerreiro experiente, granjeava de um enorme prestígio em ambos os lados da fronteira, com fama de «grande justador e torneador»28.
12A acompanhar D. João de Castro estavam duas figuras de elevada reputação, ligadas às ordens militares: o mestre de Santiago, Gil Fernandes de Carvalho, no cargo desde 135129; e o prior do Hospital, o veterano Álvaro Gonçalves Pereira, um dos heróis do Salado e figura de confiança dos reis portugueses desde D. Afonso IV30. No caso do mestre de Santiago, sabemos que conhecia com alguma profundidade o mecanismo militar da comarca, tendo recebido, em novembro de 1367, o castelo fronteiriço de Mértola em mercê31. Pouco depois, em março de 1368, viria a ser nomeado coudel32 de Entre-Tejo-e-Odiana33, um facto que não poderemos dissociar dos preparativos que estavam a ser feitos pelo monarca português para a guerra que, tudo levava a crer, se avizinhava com Castela. Quanto a Álvaro Gonçalves Pereira, a situação é similar, com a vantagem de poder mobilizar rapidamente efetivos vindos dos domínios da Ordem do Hospital, ancorados na zona do Crato e da Amieira do Tejo, no Alto Alentejo. Tanto Gil Fernandes de Carvalho como Álvaro Gonçalves Pereira teriam um conhecimento profundo do território, nomeadamente a sua rede viária, barreiras naturais, pontos de abastecimento de água e locais mais propícios à realização de determinado tipo de operações, estando ainda familiarizados com os interlocutores dos vários lugares.
13Estas duas individualidades que acima referimos formariam o núcleo duro do estado-maior de D. João, que ainda contava com o rico-homem Vasco Martins de Sousa, chanceler-mor de D. Pedro entre 1357 e 1360, testemunha da união entre esse monarca e Inês de Castro e que seria um dos intervenientes das Cortes de Coimbra, em 1385, onde se viria a discutir a legitimidade de D. João de Castro e do seu irmão D. Dinis34; Gonçalo Eanes Pimentel, da importante linhagem dos Pimentéis e filho do antigo mestre da Ordem de Avis, João Rodrigues Pimentel35; Fernão Gonçalves de Meira, um dos defensores de Guimarães durante o cerco imposto por Henrique II de Castela, em setembro de 136936; dois emperogilados ou petristas, os exilados castelhanos Fernão Rodrigues d’Eça e João Afonso de Beça, este último recompensado após a paz de Alcoutim, em 31 de Março de 1371, com a doação de Alter do Chão e Vimieiro37, vindo a receber, no início do ano seguinte, Vila Formosa38; finalmente, a fechar este grupo surge Vasco Gil de Carvalho, filho do mestre de Santiago39, que poderá ser o mesmo que em 1384 é designado como freire hospitalário, arrecadando 350 libras da renda de umas casas e vinhas que o mestre de Avis tinha em Évora40.
14Fernão Lopes não se limita apenas a enunciar a composição do contingente do fronteiro-mor, referindo também aspetos relacionados com as suas responsabilidades, como o soldo e respetivo pagamento do mesmo. Assim, sabemos que ao combatente de «cavallo tari com faca armado à guisa» eram pagos 30 soldos por dia (8 dobras/mês), ao «genete» 20 soldos por dia (5 dobras/mês) e ao de «cavallo sem faca» 15 soldos diários (4 dobras/mês). Caso realizassem alguma malfeitoria no decorrer da campanha, ser-lhes-ia descontado o devido valor no momento em que se procedesse ao pagamento do soldo. De Lisboa também seguiam armas e demais bens necessários para guarnecer as fortalezas da comarca41.
15A força dos fronteiros de lugar é menos expressiva: Gonçalo Mendes de Vasconcelos42, tio-avô de Leonor Teles, seguiu para Elvas com uma força composta por gente de Lisboa, na qual se incluía Álvaro Gil, Vasco Esteves de Moles, Estêvão Eanes e Martim Afonso Valente; João Mendes de Vasconcelos foi enviado para Estremoz, enquanto que a D. Fernando de Olivença foi-lhe confiada a proteção da povoação raiana de Olivença43. Desconhecemos qual a composição do destacamento destes dois fronteiros.
Operações e movimentações
16Ainda que a defesa organizada de Odiana apenas tenha ocorrido por volta de finais de 1369, já haviam existido incursões em território inimigo antes da chegada dos fronteiros enviados pelo rei. A tipologia das ações praticadas, que se podem enquadrar no tradicional modo raiano de fazer a guerra – a denominada «guerra guerreada» - tinham como objetivo primordial retirar um proveito económico dos conflitos, através de ataques depredatórios que visavam capturar gado e fazer cativos, normalmente acompanhados da ocasional destruição de colheitas44. Numa destas ocasiões o protagonista foi Gil Fernandes, escudeiro de Elvas45. Reunindo, entre «parentes e amigos», 70 homens de armas e 400 homens de pé46, empreendeu uma cavalgada até Medellín, uma localidade situada junto ao Guadiana, a mais de 100 km da fronteira, um audacioso empreendimento cujo sucesso apenas se pode explicar pela passividade da resistência castelhana e pela ausência de coordenação defensiva em torno de Badajoz. O saque terá sido grande, entre gado e cativos, o que deverá ter constituído um autêntico pesadelo logístico, sobretudo ao nível da segurança, atendendo que a coluna contaria com uma légua de extensão, comprometendo seriamente a sua velocidade de deslocação e anulando o efeito surpresa. Porém, o regresso foi feito sem sobressaltos. Para isto muito contribuiu um estratagema da autoria de Gil Fernandes: sabendo que D. João de Castro havia sido nomeado fronteiro-mor da comarca, o escudeiro elvense fez passar um tio seu, Martim Eanes, pelo infante, ordenando que alguns prisioneiros lhe beijassem a mão, um episódio que é bem revelador da reputação que precedia o filho de Inês de Castro47.
17Um segundo episódio, que teve lugar possivelmente já em 1370, diz respeito a uma ação concertada entre o fronteiro de Elvas – Gonçalo Mendes de Vasconcelos – e Gil Fernandes, com o intuito de desgastar a defesa montada na zona de Badajoz, provocando uma reação aos que se encontravam naquele local. Nesta situação, deu-se uma pequena escaramuça que haveria de causar importantes baixas no lado castelhano, cavaleiros «assaz de bõos», entre os quais se contava Fernán Sanchez, abatido por uma cutelada aplicada por Lourencinho, um cutileiro de Lisboa integrado no «corpo expedicionário» enviado para a frontaria48. A vitória sorriu aos portugueses que perseguiram os castelhanos até Badajoz. Este acontecimento terá servido o seu intuito, na medida em que D. João de Castro rapidamente reuniu gentes dos castelos em redor e, juntamente com Álvaro Gonçalves Pereira, partiu de Estremoz e lançou-se contra Badajoz, para a «combater e tomar, se podessem»49. Apenas a oportunidade justificará uma ação deste tipo, pois é duvidoso que os portugueses tivessem capacidade para tomar uma praça desta grandeza, mas o que é certo é que conseguiram mesmo passar a primeira cintura amuralhada de Badajoz, vindo a ser travados pela defesa feroz montada pelos moradores do lugar, que se refugiaram na «cerca velha»50.
O Tratado de Alcoutim (1371) e o rescaldo da guerra
18Não existem registos de mais movimentações militares na frontaria alentejana no decurso da 1.ª Guerra Fernandina. Efetivamente, no início de 1371 já se negociavam, na vila algarvia de Alcoutim, os termos da paz entre Portugal e Castela, sob o olhar atento dos prelados papais e do enviado de Carlos V de França. As cláusulas do tratado (firmado a 22 de março) são bem reveladoras da fraca posição negocial de D. Fernando, fruto de uma campanha militar pouco consequente na Galiza e de uma fragilidade económico-financeira assinalável: as praças fronteiriças de Olivença, Campo Maior, Noudar e Mourão foram dadas como garantia do cumprimento do tratado; D. Fernando renunciava a todos os direitos que tinha sobre o trono castelhano; como prova de amizade, o monarca português prometia casar com a filha de Henrique II de Castela, uma situação que invalidaria os termos do acordo alcançado com Aragão, mas que lhe possibilitava manter Ciudad Rodrigo, Valência de Alcântara, Alhariz e Monterrey, incluídas no dote da infanta castelhana; ambos os lados também se comprometiam a restituir todas as povoações conquistadas durante a guerra; e, por fim, mas talvez mais grave para a política externa portuguesa, D. Fernando jurava não procurar qualquer tipo de aliança com os inimigos do rei de França51. De uma assentada, Portugal ficava privado da ajuda de dois potenciais aliados, Aragão e Inglaterra.
19O tratado alcançado com Castela viria a ser ratificado nas Cortes reunidas em Lisboa, entre julho e agosto de 1371, momento que também serviria de rescaldo ao conflito. Nos capítulos gerais encontramos referências relativas a abusos cometidos por várias autoridades locais – alcaides, coudéis e comendadores – nomeadamente devido a agravos praticados contra os moradores dos concelhos: recrutamento de lavradores, o que fazia com que as quintas e herdades ficassem danificadas e despovoadas52; problemas relacionados com o aquantiamento, motivados por um aumento brutal da inflação53; ou o favorecimento, por parte dos alcaides, que escolhiam os homens que deviam servir nas frontarias segundo as suas relações pessoais e clientelares54. Os alcaides assumiam uma grande importância na organização da defesa da região, gerindo a vigilância, manutenção e apetrechamento das fortalezas que se encontravam à sua guarda e planeando incursões em território inimigo, mas não deixariam de colocar em prática a sua própria agenda pessoal, nunca esquecendo que a sua nomeação refletia não só o favor régio, mas também, nalguns casos, a influência da oligarquia municipal dos diversos lugares55. No período que compreende o início da guerra com Castela e a assinatura do Tratado de Alcoutim, D. Fernando procedeu a algumas alterações nas alcaidarias dos castelos da comarca: aos já supracitados Vasco Martins Leitão e Diogo Soares de Albergaria, nomeados para Portalegre e Arronches56, somam-se Gonçalo Garcia, comendador da Ordem de Avis em Juromenha para o castelo dessa povoação57; Gonçalo Peres de Azambuja para Vila Viçosa58; e, por fim, Vasco Fernandes, comendador da Ordem de Avis em Borba para a alcaidaria de Vila Boim59. Este quadro de nomeações é bastante reduzido quando comparado com o que se produziu um pouco mais tarde, durante a 2.ª Guerra Fernandina.
20A atuação dos fronteiros foi igualmente alvo de forte contestação por parte dos homens dos concelhos, que os acusaram de causar muito dano e tomar o que não era seu, o que levou a que o monarca retivesse o seu soldo e o entregasse aos que foram agravados60. Estas queixas, digam-se, não eram novas: em janeiro de 1371 o escrivão e o almoxarife de Estremoz já haviam escrito ao rei queixando-se que o fronteiro (João Mendes de Vasconcelos) e os juízes constrangiam os lavradores do reguengo de Estremoz a ir velar e roldar com os outros, bem como a guardar as portas da vila e que por essa razão os ditos reguengos não se lavravam nem se apresentavam como deviam61.
Contestação interna e invasão: a segunda Guerra Fernandina (1372-1373)
21D. Fernando pouco (ou nada) fez para respeitar os termos estabelecidos em Alcoutim. Entre finais de 1371 e inícios de 1372 casou com Leonor Teles, facto que viria a ter graves repercussões, tanto na condução da política doméstica como no posicionamento de Portugal no xadrez diplomático internacional. No reino surgiram numerosos levantamentos populares contra o enlace, sendo particularmente violentos em Lisboa, mas que se terão espalhado por outros pontos do reino62. Por outro lado, o rei tinha de procurar apoio noutras latitudes, frutos da quebra dos acordos matrimoniais com Castela e Aragão. Na verdade, perfilava-se uma nova aliança: em julho de 1372, o rei português assina em Tagilde (Guimarães) um tratado com a Inglaterra, declarando Henrique II de Castela e Pedro de Aragão como seus inimigos. A guerra parecia iminente e o rei de Castela haveria mesmo de entrar no reino pela Beira, junto a Almeida, em finais de 137263.
Os ventos da guerra
22Por esta altura, D. Fernando já tinha começado a preparar a defesa do reino, como se percebe pelas alterações efetuadas em muitas alcaidarias da comarca no último trimestre de 1372, onde se adivinha a crescente influência da rede clientelar de Leonor Teles, bem como dos emperogilados que se haviam refugiado no reino: Álvaro Mendes de Cáceres recebeu o castelo de Alter do Chão64; Nuno Rodrigues, mestre da Ordem de Cristo, o de Castelo de Vide65; Vasco Martins de Melo ficou encarregue do castelo de Beja66; e a João Mendes de Vasconcelos, primo de Leonor Teles, coube-lhe o castelo de Estremoz67. Embora o conflito de 1372-1373 não tenha chegado a ameaçar a frontaria alentejana, não deixa de ser surpreendente que se procederam a muitos ajustes nas alcaidarias alentejanas em 1373, já após a assinatura do Tratado de Santarém (19 de março de 1373): Fernão Godins assume o comando do castelo de Olivença68, onde é substituído pouco depois por Fernão Gonçalves de Sousa69; Vasco Porcalho, comendador-mor da Ordem de Avis segue para Marvão70; Gonçalo Martins de Cáceres recebe o castelo de Codosera71 simultaneamente com o castelo de Arronches, onde sucede a Diogo Soares de Albergaria72; para Serpa vai Gonçalo Vasques de Melo73; e, já no final do ano, D. Fernando entrega o castelo de Mourão a Gonçalo Peres da Costa74.
23O facto de não se ter sentido o impacto direto da guerra na região não significa que os negócios dependentes da mesma não tenham continuado a decorrer, particularmente os que eram característicos destes territórios fronteiriços. Assim se explica o confisco de todos os bens móveis e de raiz que pertenciam a Álvaro Vicente, morador em Mourão, que passou gado para Castela mesmo existindo uma interdição régia nesse sentido75. Ao analisar a documentação, percebe-se que os quase quatro anos de conflitualidade ininterrupta deixaram marcas duradouras nas populações, anos depois de as hostilidades terem terminado: em 1375, o concelho e os homens bons de Elvas ainda se queixavam que os fronteiros pousavam no interior da cerca velha, para seu grande constrangimento76; posteriormente, em 1378, instituiu-se um couto de homiziados em Marvão, como consequência do despovoamento provocado pela guerra77; de igual modo, em 1380, foi necessária a intervenção régia em Lavre, perto de Montemor-o-Novo, com o rei a conceder inúmeros privilégios para que o lugar fosse melhor povoado, entre os quais se destacam a isenção de serviço militar (por terra ou por mar), a escusa de ter armas e cavalo ou a dispensa de conduzir presos entre povoações78.
O Tratado de Santarém (1373)
24Se os termos de Alcoutim haviam sido maus para D. Fernando, os que se encontravam consignados no Tratado de Santarém não eram muito melhores para o lado português, onde o monarca «surge em situação difícil e a sua fragilidade advinha, não apenas de uma menor capacidade militar, mas sobretudo de um clima de divisão que imperava no reino»79. As cláusulas eram bem mais pesadas do que as que haviam sido impostas dois anos antes: corte de relações de qualquer tipo com Inglaterra, passando Portugal a alinhar com o bloco franco-castelhano; expulsão, no prazo máximo de 30 dias, de todos os emperogilados que se encontravam em território português, onde se incluíam João Fernandes Andeiro e D. Fernando de Castro; perdão a todos os portugueses que haviam combatido ao lado do rei de Castela e reposição dos bens confiscados aos mesmos; e, para selar o tratado, D. Fernando aceitava casar a sua irmã, D. Beatriz, com o irmão do rei de Castela, D. Sancho, acompanhando-a um dote de 100.000 libras, pago em três anos80. Viseu, Miranda do Douro, Pinhel, Almeida, Celorico, Linhares e Segura serviriam de garantia, bem como algumas individualidades do reino, entre as quais se contavam João Afonso Telo e o seu filho, futuro conde de Viana, Nuno Freire e Rodrigo Álvares Pereira, filho do prior do Hospital81.
Uma década atribulada (1373-1383)
25Nos anos seguintes, D. Fernando foi mantendo uma «duplicidade do seu comportamento diplomático»82, fazendo por cumprir os termos acertados em Santarém, ao mesmo tempo que promovia nova aproximação a Inglaterra. Ainda em 1373 (16 de junho), em Londres, era firmada uma nova aliança anglo-portuguesa em que os dois reinos se comprometiam a auxiliar-se militarmente, uma clara violação do que havia sido acordado com Castela alguns meses atrás83. Este jogo duplo do monarca português manteve-se até 1379 e durante este período esforçou-se por manter as aparências, contribuindo para o esforço de guerra franco-castelhano que pretendia limitar a influência inglesa nos mares84. É neste contexto que devemos encaixar o compromisso matrimonial firmado em 1375 entre a infanta D. Beatriz, filha de D. Fernando e D. Fradique, filho bastardo de Henrique II de Castela, devidamente representados por procuradores devido à menoridade dos intervenientes que apenas poderiam expressar o seu consentimento quando atingissem a maioridade85. Uma união desta natureza aproximava, perigosamente, Portugal da órbita castelhana, visto que o rei português não tinha mais filhos86. Em novembro de 1376, nas Cortes reunidas em Leiria, discutiu-se o problema da sucessão do trono português, com dois cenários em perspetiva: caso o rei falecesse sem deixar nenhum filho legítimo, D. Beatriz seria rainha de Portugal, com a sua mãe a assegurar a regência, na eventualidade da infanta ainda ser menor; em contrapartida, se Leonor Teles estivesse grávida à data da morte do rei e desse à luz um filho varão, esse seria o sucessor de D. Fernando87.
Reformas internas: fortificações e armamento
26Internamente, o monarca continuou a preparar a defesa do reino, revelando grande diligência no reforço e conservação das muitas fortalezas existentes. Para além do início da construção de uma nova cerca em Lisboa (1373), até ao final do seu reinado ainda se realizaram intervenções – de iniciativa régia, concelhia ou outra – nas fortificações de Coimbra (1373 e 1383), Vermoim (1373), Aguiar de Sousa (1373), Porto (1373), Covilhã (1374), Leiria (1374) Almada (1374), Viana do Castelo (1374), Santarém (1375 e 1383), Óbidos (1376), Elvas (1378), Trancoso (1380), Terena (1380); Alfândega da Fé (1382), Vila Verde dos Francos e Alenquer (1383), Castelo Melhor (1383), Alcácer do Sal (1383), Celorico da Beira (1383) e Lousã (1383)88. Também se legislou no domínio do recrutamento militar, nomeadamente ao nível do aquantiamento, com a realização de um novo apuramento que visava claramente dotar as forças concelhias de uma melhor capacidade de resposta, muitas vezes deficiente, mas que em parte se explicava pela inclusão de lanças concelhias nas mesnadas senhoriais89. O Formoso tratou ainda de atualizar e uniformizar o equipamento dos seus guerreiros, generalizando o uso do bacinete com camal em detrimento da capelina, como proteção da cabeça, e do jaque90 em vez do cambais, destinado a melhor proteger o tronco, aos quais se juntou a utilização de coxotes e caneleiras91 que anunciam a generalização do uso de placas metálicas como armamento defensivo de eleição.
A política internacional
27Os últimos anos da década de 70 do século XIV foram bastante atribulados no panorama internacional. Em poucos anos desapareceriam aqueles que haviam sido os grandes protagonistas da Guerra dos Cem Anos até então: em Inglaterra o Príncipe Negro viria a falecer em 1376, seguido pelo seu pai, Eduardo III, um ano depois; em França, o ano de 1380 trouxe a morte de Carlos V e do condestável francês, Bertrand du Guesclin. Por esta altura (1378), também a Igreja passava por tempos conturbados, onde dois papas contestavam a legitimidade um do outro, instalados em Avinhão (Clemente VII) e Roma (Urbano VI), o que levou a uma cisão no mundo cristão ocidental com graves repercussões a nível político e diplomático92. Numa primeira fase D. Fernando manteve-se fiel a Clemente VII, o pretendente apoiado por França e Castela que, desde 1379, contava com Juan I como rei, sucedendo a seu pai, Enrique II. Mais uma vez o monarca português mantinha a ilusão de que pretendia honrar o acordo de 1373. Nada mais enganador. Na realidade, já preparava nova guerra contra Castela.
Um novo conflito
28Diz-nos Fernão Lopes que D. Fernando se quis «vingar das enjurias e grandes avantageens» praticadas por Henrique II, sendo a maior delas a decisão de incendiar Lisboa93. Decidido a medir forças com Castela mais uma vez, reuniu o seu conselho. Este não poderia ser mais contrário à sua vontade, aconselhando a manutenção da paz face à evidente supremacia do adversário e à ruína que as guerras anteriores haviam trazido ao reino94. Efetivamente, os seus conselheiros desconheciam que estava em marcha uma nova aliança com a Inglaterra95. Em meados de junho de 1380, Ricardo II de Inglaterra enviava, como seu representante a Portugal, João Andeiro, um dos emperogilados forçados a abandonar o reino em 137396. Agindo de forma dissimulada, para que a sua presença não fosse detetada pelos espiões castelhanos estabelecidos em território português, o nobre galego chegou a Estremoz, onde a corte se encontrava, e estabeleceu com o rei os termos do auxílio inglês97. De acordo com o estipulado, D. Fernando comprometia-se a receber e manter 1.000 arqueiros ingleses e igual número de homens de armas que chegariam sob o comando de Edmundo de Cambridge, providenciando as respetivas montadas, pagas pelo aliado inglês; simultaneamente, empenhava-se nos esforços destinados a colocar João de Gaunt no trono castelhano98.
Correger a comarca: homens e meios
29Os preparativos para a guerra que se avizinhava realizaram-se sem grande segredo e Juan I depressa percebeu o que se estava a preparar. O rei português pagava soldos, mandava armar galés e começava a coordenar a defesa do reino, tratando de colocar fronteiros nas várias comarcas99. Neste contexto, não se optou por repetir a fórmula aplicada durante a 1.ª Guerra Fernandina, onde a coordenação da cadeia de comando da comarca de Entre Tejo e Odiana coube ao fronteiro-mor. Ao invés, apenas se procedeu à nomeação de fronteiros de lugar, distribuídos da seguinte forma: D. João, o mestre de Avis, meio-irmão de D. Fernando, ficou responsável por Olivença, Arronches e Campo Maior100; a Elvas chegou o conde Álvaro Peres de Castro; Pedro Álvares Pereira, que sucedeu ao seu pai como prior do Crato101, encarregou-se da defesa de Portalegre; Beja ficou entregue ao mestre de Santiago, Estêvão Gonçalves102; por último, o conde de Viana e Fernão Gonçalves de Sousa seguiram para Vila Viçosa, onde pouco depois viriam a receber a colaboração de Vasco Porcalho, comendador-mor da Ordem de Avis, entretanto nomeado para a alcaidaria da vila103. Se analisarmos os perfis destes indivíduos, rapidamente constatamos que são similares aos dos fronteiros escolhidos anteriormente, destacando-se a presença de três responsáveis máximos de ordens militares (Avis, Santiago e Hospital). Também fazem parte elementos com estreita ligação à coroa, como D. João e o conde de Viana, ou representantes da alta nobreza de origem castelhana, na pessoa de Álvaro Peres de Castro. Fernão Gonçalves de Sousa seria uma peça fundamental, uma vez que deveria ter um conhecimento profundo do território, tendo ocupado desde 1368 as alcaidarias de Portel104, Beja105, Olivença106 e Serpa107.
30A iminente chegada do auxílio inglês poderá ter acelerado a mobilização castelhana, mas terá sido a presença de D. Afonso de Noreña, meio-irmão de Juan I, junto a Paredes de Nava (Plasencia), que levou o soberano a tomar a iniciativa, correndo o rumor que D. Afonso se tinha aproximado de D. Fernando, a quem pretendia entregar o trono de Castela108. Sem demora, enviou Fernando Osores, mestre castelhano de Santiago, para Badajoz, onde desempenharia o cargo de adelantado, juntamente com «muitas companhas»109.
31Seria Fernando de Osores, em colaboração com o mestre de Alcántara, Diego Martinez e não Mem Soares (Melen Suarez), como afirma Fernão Lopes110, quem empreenderia uma audaciosa cavalgada em solo português: em finais de maio de 1381, partiram de Badajoz, entraram por Elvas e dirigiram-se até Veiros, que terão tentado tomar e onde puseram fogo às portas da barbacã do castelo, seguindo depois para Cano e Sousel, acabando por pernoitar junto à Ribeira de Freixo, nas imediações de Pavia111. O autor da Crónica do Condestabre vai mais longe e afirma que a incursão castelhana chegou a Coruche112. Após oito dias em território português a força castelhana retirou-se, incólume, replicando o mesmo itinerário que tinha utilizado no momento da sua entrada, chegando a Badajoz com muito gado e prisioneiros113. Sem dificuldades, «entraram, passearam e calcaram a terra»114. A inoperância do sistema defensivo montado na frontaria alentejana era evidente, para a qual muito contribuiu a fragmentação do comando, com pouca ou nenhuma articulação entre si e nunca tomando a iniciativa para barrar o caminho à força liderada por Fernando de Osores, um estado de apatia assim resumido pelo cronista: «nom achamos cousa que de contar seja que os fronteiros portugueses que estavom n’aquella comarca fezessem enquanto os meestres entrarom per Portugall»115. Gil Fernandes e o fronteiro de Elvas, Álvaro Peres de Castro, ainda esboçaram uma tentativa de ir correr contra Badajoz, mas a cidade estava bem defendida e a expedição foi um fracasso116.
32Somos levados a acreditar que esta atitude passiva não partiu do rei – o que seria possível se existisse a informação de que a chegada do contingente de Edmundo de Cambridge estava iminente – porque, logo que lhe chegaram as notícias da surtida castelhana, D. Fernando enviou Gonçalo Vasques de Azevedo, homem da sua confiança, com ordens expressas para que os fronteiros unissem as suas forças e dessem combate ao mestre castelhano de Santiago, que se encontrava salvaguardado de qualquer represália, abrigado no interior das muralhas de Badajoz. Entre todos contariam com 1.000 lanças e entre 4.000 e 5.000 homens de pé e besteiros117.
33Pela primeira vez as fontes fornecem números concretos, que importam analisar. Se bem que João Gouveia Monteiro estima que cada fronteiro pudesse contar com 100 a 250 lanças118, consideramos que o total dependeria muito da disponibilidade do momento, desprovida de uma rigidez que fosse regulamentada por normativas específicas. Sabemos que os fronteiros se fazem acompanhar pelas mesnadas pessoais, mas também por outros vassalos da região, com um forte cunho familiar. Pedro Álvares Pereira, por exemplo, fez-se acompanhar pelos seus irmãos, onde se incluía Nuno Álvares Pereira, a quem o rei escreveu para que se juntasse ao fronteiro de Portalegre; na ocasião, o futuro condestável, vindo do Minho, apresentou-se com 25 homens de armas e 30 homens de pé119. Por outro lado, o contributo aportado pelas ordens militares deveria ser significativo120. Embora contassem com poucos elementos próprios – freires-cavaleiros, freires sergentes e auxiliares – em quantidade nunca superior a 50, podiam ainda incorporar vassalos de freires, homiziados e até mercenários, o que levaria a «em alguns casos, duplicar, ou mesmo triplicar aquelas cifras iniciais»121. Beneficiavam igualmente da base de recrutamento fornecida pelos concelhos que se encontravam sob a sua jurisdição e gozavam de privilégios especiais, como o que foi atribuído por D. Fernando a Gil Fernandes de Carvalho, em 1370, autorizando o mestre de Santiago a mobilizar os moradores das terras da ordem para com ele servirem, quando e onde fosse fronteiro122. Mais tarde, D. João I idealizou uma «hordenança çerta», pela qual as ordens militares deveriam contribuir com 340 lanças para a segurança do reino123.
34As milícias concelhias da comarca, conduzidas (ou não) pelos seus alcaides, estariam englobadas no valor total apresentado para os combatentes a pé, podendo alguns centros urbanos apresentar cifras na ordem dos 1.000 peões, para o caso de Évora, e cerca de 800 peões, no caso de Beja, diminuindo esses valores consoante a dimensão do agregado populacional124, sendo admissível que alguns concelhos apresentassem números que rondassem a dezena de combatentes. Outro importante meio de serviço militar concelhio advém da milícia dos besteiros do conto125. Espalhado um pouco por todo o país, mas com forte implantação em Odiana, onde proliferaram as anadelarias, este corpo de atiradores trazia uma boa dose de profissionalismo aos contingentes que integravam, devido ao treino regular a que estavam obrigados. No arrolamento de 1384-1388126 contam-se aproximadamente 1.000 besteiros na circunscrição127, com efetivos que variavam entre os dois, fornecidos por Ouguela, e os 150, recrutados em Évora. Para o território em estudo, apenas se conhece a criação de uma anadelaria durante o reinado de D. Fernando, em Viana do Alentejo128.
35Regressando à força combinada dos fronteiros, reunida em Vila Viçosa em inícios de julho de 1381, decidiu-se que haveria de ser estabelecida uma vanguarda, na qual se encontrava Nuno Álvares Pereira, à frente da qual seguiria a carriagem e todos os homens de pé, enviada pelo caminho mais direto até Elvas. Ao chegar perto de Vila Boim, o jovem Nuno Álvares julgou vislumbrar ao longe uma coluna de marcha, pensando que só poderia tratar-se do mestre castelhano; puro engano, pois não era mais do que a carriagem que tinha sido enviada em primeiro lugar129. Chegados a Elvas, receberam a notícia de que D. João de Castro130 vinha socorrer Fernando Osores, acordando-se entre todos que deveriam recolher às suas frontarias e preparar a defesa dos lugares que lhes foram confiados. Dois dias depois, iniciava-se o cerco castelhano a Elvas, que viria a durar 25 dias131 e no qual participaram, para além do infante D. João de Castro e dos mestres castelhanos de Santiago e Alcántara, Pedro Fernández de Velasco, Pedro Nuñez de Lara, conde de Mayorga e outras individualidades que ali acorreram por ordem de Juan I, certo de que o prometido auxílio inglês já teria chegado a Lisboa132, o que aconteceria no dia 19 de julho, dias depois da vitória obtida pela frota castelhana sobre a sua congénere portuguesa no combate naval de Saltes.
O auxílio inglês: problemas na frontaria
36A chegada dos ingleses travou o ímpeto dos castelhanos, agora remetidos a uma posição mais conservadora, ainda que vigilante. D. Fernando, mantinha-se ativo no campo diplomático e, numa tentativa de agradar ao recém-chegado aliado, alterou a sua obediência religiosa, passando a alinhar pelo partido favorável ao papa de Roma, Urbano VI. Em agosto, acertou os termos da união da infanta Beatriz com o Eduardo, filho do conde de Cambridge, futuros reis de Portugal na eventualidade do monarca português falecer sem deixar descendência varonil133. No plano militar, as montadas prometidas aos ingleses iam chegando paulatinamente a Lisboa e a demora fazia aumentar a impaciência e a desordem, resultantes da inatividade, mas o que mais incomodava Edmundo de Cambridge era a possibilidade do seu irmão desembarcar na Gasconha e entrar em Castela, um movimento que ele podia não conseguir acompanhar, frustrando-se a hipótese de encurralar Juan I através de uma ação concertada134.
37Finalmente, em dezembro de 1381, concretizou-se a chegada dos homens de armas e arqueiros ingleses à frontaria, mas a sua feroz reputação precedia-os. As notícias sobre os abusos praticados no Ribatejo e na zona de Lisboa fizeram com que as populações das praças alentejanas recusassem abrir as portas àqueles que agora eram vistos como agressores. Assim aconteceu em Vila Viçosa, onde o destacamento inglês, comandado por Sir John Mauburney, se envolveu numa escaramuça com a os habitantes do lugar, com mortos e feridos de ambos os lados. Sucedeu o mesmo em Borba, Monsaraz, Redondo, Avis e Évora Monte135. O inverno foi marcado por um clima de tensão devido à violência praticada pelos soldados ingleses, aquartelados em Estremoz. A onda de destruição foi assinalável, um pouco por todo o Alto Alentejo, como se atesta pela queixa apresentada ao rei pelos homens-bons do concelho do Vimieiro, agravados pela pilhagem dos seus bens e pela destruição das suas habitações136. A manutenção da disciplina falhava. Frustrados pela falta de pagamento do seu soldo e pela realização de pilhagens que aumentassem o seu saque e contrariamente às ordens dadas por D. Fernando para que os seus aliados não realizassem nenhuma incursão em solo castelhano137, os ingleses depressa começaram a agir autonomamente.
38Em abril de 1382 alguns comandantes ingleses, entre os quais William Beauchamp, condestável de Inglaterra, João Falconet, Thierry de Robesart e o soudan de la Trau, decidiram empreender uma operação contra Castela. As fontes que abordam esta ação são contraditórias. Fernão Lopes afirma que após a libertação do mestre de Avis, preso, ao que tudo indica, por indicação de Leonor Teles, terá sido abordado por um cavaleiro inglês sobre a possibilidade de integrar a expedição que estava a ser preparada138. Por outro lado, Froissart omite a participação do mestre de Avis nesta ação, alterando também o local de reunião das forças; Arronches, segundo o português e Vila Viçosa, segundo o francês139. Ainda assim, afigura-se como provável que D. João tomou parte no ataque, trazendo consigo Vasco Peres de Camões, exilado castelhano que mantinha a alcaidaria do castelo de Portalegre desde 1380140, juntamente com 200 homens de cavalo e 4.000 homens de pé141, um valor que nos parece manifestamente exagerado, acima de tudo porque se tratava de uma operação não sancionada pelo rei. Esta entrada em território castelhano produziu efeitos devastadores: as povoações de Lobón e Cortijo foram violentamente atacadas e acabaram pilhadas e reduzidas a escombros142.
39Enquanto na fronteira se mantinha um impasse, Lisboa era alvo de ataques castelhanos desde março, permanecendo desprotegida devido à destruição de muitas embarcações portuguesas em Saltes. Até agosto desse ano de 1382, os arrabaldes de Lisboa iriam sofrer às mãos do inimigo que se aventurava com relativa facilidade até Xabregas, Vila Nova da Rainha, Coina, Palmela e Almada. A inatividade de Gonçalo Mendes de Vasconcelos, fronteiro incumbido da defesa de Lisboa, levou a que o rei fosse obrigado a chamar Pedro Álvares Pereira do Alentejo para organizar a defesa da cidade, à qual chegaria acompanhado dos irmãos que já o haviam auxiliado na frontaria alentejana143.
Do Caia a Salvaterra de Magos
40A perspetiva de um enfrentamento campal entre portugueses e castelhanos começou a ganhar força, um momento há muito aguardado por ingleses e franceses, aliados de cada um dos contendentes. Em julho, já com Álvaro Peres de Castro como condestável e Gonçalo Vasques de Azevedo como marechal da hoste144, o contingente luso-inglês assentava arraiais em Elvas, aguardando a chegada de Juan I de Castela que aconteceria no final do mês, acompanhado por 5.000 homens de armas, 1.500 ginetes e muitos homens de pé, onde se incluíam besteiros145. D. Fernando contaria com 3.000 homens de armas aos quais se somariam 2.000 ingleses liderados pelo conde de Cambridge, metade dos quais eram arqueiros146. Durante duas semanas os exércitos permaneceram frente a frente, junto ao rio Caia, sem que nenhum deles tomasse a iniciativa, para desespero de ingleses e franceses, que mais furiosos ficaram quando souberam que Portugal e Castela tinham consumado um acordo de paz sem o seu conhecimento, no dia 10 de agosto147. Nesta ocasião, os termos foram mais adversos para os castelhanos que se comprometeram a entregar Almeida e Miranda do Douro, tomadas por Juan I, assim como a restituir as galés portuguesas arrestadas em Saltes e a libertar os cativos da armada que se encontravam em Castela, sem direito a resgate, garantindo ainda o transporte dos ingleses até à sua terra natal. D. Beatriz voltaria a conhecer novo pretendente, acordando-se o seu casamento com D. Fernando, filho segundo do rei castelhano148.
41Pela primeira vez em mais de uma década, Portugal conseguia um sucesso diplomático sobre o rival ibérico, inseguro quanto ao desfecho de uma batalha campal. O futuro daria razão a Juan I. Em pouco menos de um ano, a saúde do rei português deteriorou-se de forma assinalável e a condução dos assuntos do reino recaiu, paulatinamente, nas mãos da rainha, secundada pelo partido castelhano liderado por D. Martinho, o bispo castelhano de Lisboa e pelo conde Andeiro. Afastada a hipótese de uma reaproximação a Inglaterra, deu-se um passo em sentido contrário, celebrando-se um tratado mais duradouro com Castela, ratificado no dia 2 de abril de 1383 em Salvaterra de Magos. Os princípios deste acordo ditavam que Juan I de Castela casaria com D. Beatriz e que o filho varão desta união seria rei de Portugal, cabendo a Leonor Teles a regência do reino até este atingir os catorze anos de idade149. A independência de Portugal face a Castela estava por um fio, que se haveria de quebrar em 22 de outubro de 1383, dia em que D. Fernando viria a morrer em Lisboa.
Conclusão
42Parece evidente que a organização da frontaria alentejana durante as Guerras Fernandinas recaiu muito sobre os ombros das ordens militares: aos seus líderes são-lhes confiados importantes cargos da administração militar da região, empenhando-se pessoalmente no cumprimento das funções que lhes são atribuídas pelo monarca, para as quais arrastam os bens próprios das respetivas ordens, bem como as populações que residem nos seus domínios. Simultaneamente, encarregam-se da defesa dos lugares estratégicos que lhes foram confiados, sem renunciar à ofensiva. Ainda assim, as fontes não são claras quanto ao envolvimento de um número significativo de freires em operações militares.
43Frequentemente e em estreita colaboração com os membros das ordens militares, o rei entregou a proteção de Odiana a pessoas da sua confiança, colocadas em locais estratégicos, junto à fronteira com Castela (Arronches, Vila Viçosa, Elvas, Portalegre ou Olivença). Estes fronteiros viriam a ser responsáveis por uma forma de defesa ativa, em estreita colaboração com as forças locais, utilizando estas fortificações como plataformas para empreender incursões em solo castelhano com desfechos muito diversos, dependendo do período e do contexto em que se realizaram. Podemos admitir, sem grandes hesitações, que existia uma ideia clara, de ambas as partes, de que umas das chaves do reino residia no controlo desta vasta região que permitia duas tarefas primordiais: uma via rápida para Lisboa e um ponto estratégico importante que poderia ajudar a manter as linhas de abastecimento necessárias para a sobrevivência da força invasora. Se Elvas tivesse caído em mãos castelhanas em 1381, certamente que o desfecho da guerra teria sido outro.
44Numa outra perspetiva, o tipo de ação militar praticado, a «guerra guerreada», tinha como fim primordial a obtenção de proveitos económicos (gado e cativos) e não a conquista de fortificações, pelo menos de forma planeada, seja por insuficiência de meios ou simples desinteresse, predominando as cavalgadas em detrimento dos cercos e de outro tipo de operações menos vantajosas para as elites dos concelhos da raia alentejana. Este cenário não varia muito daquele que se observava noutros palcos da Guerra dos Cem Anos. Talvez a maior diferença resida na pujança económica das regiões e sirva, de algum modo, para justificar a ação dos homens de Edmundo de Cambridge, determinados a melhorar a sua sorte numa área geográfica muito diferente da Bretanha, da Normandia ou da Picardia.
45O território seria assolado por um clima de destruição que perdurou no tempo e que terá conduzido a um decréscimo acentuado da população com um impacto que ainda se faria sentir no séc. XV. Com efeito, entre 1378 e o final do reinado de D. João I (1433), multiplicam-se os coutos de homiziados em Odiana, estabelecendo-se estruturas deste tipo em Marvão (1378), Arronches (1385), Fronteira (1385), Juromenha (1388), Monsaraz (1414), Ouguela (1420) e Mértola (1420). Não deixa de ser curioso que muitos destes coutos se venham a instituir em locais que se encontravam sob o domínio das ordens militares e muitas vezes por iniciativa dos seus membros, como aconteceu no caso de Juromenha, por solicitação de Vasco Afonso, comendador da Ordem de Avis no lugar150. A criminalidade também disparou, devido ao fim do conflito que deixou sem ocupação muitos mercenários que faziam da guerra o seu modo de vida, originando a proliferação de bandos um pouco por toda a parte, como os que se movimentavam nos arredores de Elvas, em 1383151.
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MONTEIRO, João Gouveia; MARTINS, Miguel Gomes (2010) – As cicatrizes da guerra no espaço fronteiriço português (1250-1450). Coimbra: Palimage.
OLIVEIRA, Luís Filipe (2009) – A Coroa, os Mestres e os Comendadores. As Ordens Militares de Avis e de Santiago (1330-1449). Faro: Universidade do Algarve.
Ordenações Afonsinas (1998). Livro I. Nota de apresentação de Mário Júlio de Almeida Costa e nota textológica de Eduardo Borges Nunes. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
RUSSELL, Peter (2000) – A intervenção inglesa na Península Ibérica durante a Guerra dos Cem Anos. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
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TAVARES, Maria José Ferro (1983) – A Nobreza no reinado de D. Fernando. Revista de História Económica e Social. Lisboa. N.º 12, pp. 45-89.
VALDEÓN, Julio (2002) – Pedro I el Cruel y Enrique de Trastámara ¿La primera guerra civil española? Madrid: Aguilar.
VILAR, Hermínia (2017) - «D. Fernando e o mar em tempo de guerra». In O mar como futuro de Portugal (c. 1223-c.1448). Actas do XV Simpósio de História Marítima. Academia de Marinha, pp. 107-115.
VILLALON, André; KAGAY, Donald (2017) – To Win and Lose a Medieval Battle. Najéra (April 3, 1367), a Pyrrhic Victory for the Black Prince. Leiden-Boston: Brill.
Notes de bas de page
1 MARQUES, A. H. de Oliveira (1987) – Portugal na Crise dos séculos XIV e XV, Vol. IV da Nova História de Portugal. MARQUES, A.H. de Oliveira; SERRÃO, Joel. Lisboa: Editorial Presença.
2 CONTAMINE, Philipe (1972) – Guerre, État et Société à la fin du Moyen Ãge. Études sur les armées des rois de France, 1337-1494, Paris-La Haye: Mouton Éditeur.
3 CONTAMINE, Philipe (1980) – La guerre au Moyen Âge. Paris: PUF.
4 MONTEIRO, João Gouveia (1998) – A Guerra em Portugal nos finais da Idade Média, Lisboa: Colibri.
5 MATTOSO, José (ed.) (2003) – Nova História Militar de Portugal, Mem Martins: Círculo de Leitores.
6 MARTINS, Miguel Gomes (2014) – A Arte da Guerra em Portugal (1245-1367), Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra.
7 LAFUENTE GÓMEZ, Mario (2011) - La defensa y el control del territorio en Aragón durante la guerra de los Dos Pedros (1356-1366). Aragón en la Edad Media. Saragoça. Nº 22, pp. 127-186.
8 FERRER I MALLOL, Teresa (2001) – La organización militar en Cataluña en la Edad Media. Revista de Historia Militar. Madrid. N.º extra 1, pp. 119-222.
9 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
10 DEVRIES, Kelly (2004) – The use of Chronicles in recreating Medieval Military History. Journal of Military Medieval History. Woodbridge. pp. 1-15.
11 A mais completa biografia do Príncipe Negro continua a ser o trabalho de BARBER, Richard (1976) – Edward, Prince of Wales and Aquitaine. A Biography of the Black Prince. Woodbridge: The Boydell Press.
12 Sobre a Batalha de Najéra, incluindo o seu impacto e disseminação na cronística medieval, veja-se o completo estudo da autoria de VILLALON, André; KAGAY, Donald (2017) – To Win and Lose a Medieval Battle. Nájera (April 3, 1367), a Pyrrhic Victory for the Black Prince. Leiden-Boston: Brill.
13 Aparentemente, sob o pretexto de uma suposta negociação entre as partes, Pedro deslocou-se até aos aposentos de du Guesclin, onde o aguardava Henrique devidamente preparado para emboscar o seu meio-irmão. Cf. VALDEÓN, Julio (2012) – Pedro I el Cruel y Enrique de Trastámara¿La primera guerra civil española? Madrid: Aguilar, pp. 210-213.
14 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XXV, p. 87.
15 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XXV, p. 88.
16 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XXVI, pp. 90-91.
17 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XXIX, pp. 99-100.
18 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XXX, p. 101. Esta era uma medida preventiva destinada a impedir que o inimigo conseguisse aproveitar os recursos naturais existentes no local, visto que poderia utilizar esses materiais para construir escadas, bastidas e outros artifícios com os quais poderia assediar a praça. Sobre a organização da defesa em caso de cerco, veja-se MONTEIRO, João Gouveia (1998) – A Guerra em Portugal nos finais da Idade Média, Lisboa: Colibri, pp. 342-346.
19 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XXXI, pp. 105-106.
20 MONTEIRO, João Gouveia (2003) – “As campanhas que fizeram a História. De D. Afonso IV (1325) à Batalha de Alfarrobeira (1449)”, in Barata, Manuel Themudo; Teixeira, Nuno Severiano (dir.); Mattoso, José (coord.). Nova História Militar de Portugal, vol. 1. Mem Martins: Círculo de Leitores, pp. 251-252.
21 Arquivo Nacional da Torre do Tombo (doravante ANTT), Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 47, de 1369, setembro, 25.
22 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 46v, de 1369, outubro, 10.
23 Não existindo certezas, é admissível que esta medida tenha sido adotada em finais de 1369 ou em inícios de 1370. Cf. LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XXXVI, pp. 119-120.
24 MONTEIRO, João Gouveia (1998) – A Guerra em Portugal nos finais da Idade Média, Lisboa: Colibri, p. 139.
25 MARTINS, Miguel Gomes (2014) – A Arte da Guerra em Portugal (1245-1367), Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, pp. 330-331.
26 «E foi enviado por fronteiro-moor antre Tejo e Odiana o iffante dom Joham e o iffante dom Denis seu irmaão (…)», cf. LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XXXVI, p. 119.
27 ARNAUT, Salvador Dias (1960) – A Crise Nacional dos Fins do Século XIV. A Sucessão de D. Fernando. Coimbra: Imprensa de Coimbra, pp. 108-109.
28 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XCVIII, p. 348.
29 OLIVEIRA, Luís Filipe (2009) – A Coroa, os Mestres e os Comendadores. As Ordens Militares de Avis e de Santiago (1330-1449). Faro: Universidade do Algarve, p. 260.
30 Para uma biografia de Álvaro Gonçalves Pereira, veja-se MARTINS, Miguel Gomes (2013) – Guerreiros Medievais Portugueses. Lisboa: A Esfera dos Livros, pp. 173-197.
31 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 18, de 1367, novembro, 2. Data ainda deste mês a entrega do castelo à Ordem de Santiago, com a condição dos freires corregerem a fortaleza com tudo o que fosse necessário. Cf. ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 31, de 1367, novembro,17.
32 Como responsável pelo aquantiamento de uma comarca, vila ou cidade, através da avaliação dos bens (móveis e imóveis) que determinaria a obrigatoriedade de possuir determinadas armas e, no caso dos mais abastados, cavalo, o coudel tinha a importante função de fiscalizar a preparação para a guerra e a boa manutenção de armas e animais, recorrendo para isso a revistas periódicas (alardos). Nas Ordenações Afonsinas encontramos um regimento destinado a regular a atividade destes oficiais. Cf. Ordenações Afonsinas, Livro I, tít. LXXI (1988). Nota de apresentação de Costa, Mário Júlio de Almeida e nota textológica de Nunes, Eduardo Borges. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 473-520.
33 OLIVEIRA, Luís Filipe (2009) – A Coroa, os Mestres e os Comendadores. As Ordens Militares de Avis e de Santiago (1330-1449). Faro: Universidade do Algarve, p. 262.
34 HOMEM, Amadeu Luís de Carvalho (1990) – O Desembargo Régio (1320-1433), Porto: I.N.I.C., p. 390.
35 Mestre de Avis entre 1342 e 1351. Cf. OLIVEIRA, Luís Filipe (2009) – A Coroa, os Mestres e os Comendadores. As Ordens Militares de Avis e de Santiago (1330-1449). Faro: Universidade do Algarve, pp. 222-226.
36 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XXXIV, pp. 111-113.
37 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 77-77v, de 1371, junho, 14.
38 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 97v-98, de 1372, janeiro, 28.
39 Gil Fernandes de Carvalho apenas legitimou dois filhos, Álvaro Gil de Carvalho e Gonçalo Gil de Carvalho. OLIVEIRA, Luís Filipe (2009) – A Coroa, os Mestres e os Comendadores. As Ordens Militares de Avis e de Santiago (1330-1449). Faro: Universidade do Algarve, p. 261.
40 DIAS, João José Alves (ed.) (2004) – Chancelarias Portuguesas: D. João I, Tomo I-1, doc. 51, de 1384, março, 20. Lisboa: Centro de Estudos Históricos, p. 36. Doravante citado como Chancelarias Portuguesas: D. João I.
41 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XXXVI, pp. 119-120.
42 Embora já se tratasse de uma figura com alguma projeção, o favor régio aumentou após o casamento de D. Fernando com Leonor Teles, como se comprova pelo extenso rol de doações com que foi beneficiado. Cf. TAVARES, Maria José Ferro (1983) – A Nobreza no reinado de D. Fernando. Revista de História Económica e Social. Lisboa. Nº12, p. 61.
43 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XXXVI, p. 120.
44 A caracterização da guerra na fronteira luso-castelhana nos séc. XIV e XV, na sua vertente económica e social, encontra-se bem explanada por MONTAÑA CONCHIÑA, Juan Luis (2008) – E levaram captivos, e derribaram o logar todo. La guerra en la frontera Castellano-Portuguesa (Siglos XIV-XV). Norba. Revista de Historia. Cáceres. Vol. 21, pp. 11-28. Mais exaustiva é a investigação de MONTEIRO, João Gouveia; MARTINS, Miguel Gomes (2010) – As cicatrizes da guerra no espaço fronteiriço português (1250-1450). Coimbra: Palimage, onde se descrevem um grande número de situações relacionadas com os males provocados pela guerra.
45 Fernão Lopes refere que Gil Fernandes seria filho de Fernão Gil e neto de Gil Lourenço, antigo prior de Santa Maria de Elvas, informação tida como válida por Eurico Gama, na biografia dedicada a Gil Fernandes – cf. GAMA, Eurico (1961) – Gil Fernandes, alcaide-mor de Elvas. Lisboa: Editorial Império, p. 17. Mais recentemente, Fernando Branco Correia também lhe dedicou alguma atenção. Cf. CORREIA, Fernando Branco (2013) – Elvas na Idade Média, Lisboa: Colibri/CIDEHUS, pp. 373-375. Em 1376 foi procurador do concelho de Elvas nas Cortes de Leiria, cf. MARQUES, A. H. de Oliveira; DIAS, Nuno José Pizarro Pinto (ed.) (1990) – Cortes Portuguesas: Reinado de D. Fernando [1367-1383], vol. I. Lisboa: I.N.I.C., pp. 157-158 (doravante citado como Cortes Portuguesas: Reinado de D. Fernando [1367-1383]). O seu posicionamento nem sempre terá sido muito linear, caso se aceitem as hesitações que lhe são atribuídas pelo mesmo Fernão Lopes na Crónica de D. João I, quando menciona os eventos que antecederam a Batalha dos Atoleiros, travada a 6 de abril de 1384. Cf. LOPES, Fernão (2017) – Crónica de D. João I. Primeira Parte. Edição crítica e notas de Amado, Teresa, com a colaboração de Nunes, Ariadne, Pimenta, Carlota e Costa, Mário. Introdução de Sobral, Cristina. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XCIII, p. 170. Esta situação não deixa de causar alguma estranheza, uma vez que alguns dias antes havia recebido a alcaidaria de Elvas, juntamente com os direitos da capitação dos judeus da mesma localidade (Chancelarias Portuguesas: D. João I, Tomo I-1, doc. 29, de 1384, março, 29, p. 26).
46 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XXXVII, p. 123.
47 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XXXVII, p. 124.
48 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XXXVIII, pp. 125-126.
49 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XVIII, p. 126.
50 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XVIII, p. 126.
51 MARTINS, Armando (2008) – Guerras Fernandinas (1369-1382). Lisboa: Quidnovi, pp. 52-53.
52 Cortes Portuguesas: Reinado de D. Fernando [1367-1383], art.º 22.º, p. 25.
53 Cortes Portuguesas: Reinado de D. Fernando [1367-1383], art.º 27.º, pp. 27-28.
54 Cortes Portuguesas: Reinado de D. Fernando [1367-1383], art.º 38.º, p. 33.
55 MONTEIRO, João Gouveia (1998) – A Guerra em Portugal nos finais da Idade Média, Lisboa: Colibri, p. 137.
56 Vide supra.
57 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 50, de 1370, janeiro, 23.
58 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 54, de 1370, março, 15.
59 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 54v, de 1370, março, 8.
60 Cortes Portuguesas: Reinado de D. Fernando [1367-1383], art.º 37.º, pp. 32-33.
61 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 78v-79, de 1371, janeiro, 1.
62 Estes levantamentos populares poderão ter surgido devido a uma conjugação de fatores, entre os quais a desvalorização da moeda e o custo elevado da guerra, mas o matrimónio entre o rei e Leonor Teles poderá ter sido o catalisador da revolta popular. A resposta régia foi rápida e brutal. Cf. TAVARES, Maria José Ferro (1983) – A Nobreza no reinado de D. Fernando. Revista de História Económica e Social. Lisboa, p. 54.
63 Para uma descrição mais cuidada da 2.ª Guerra Fernandina, cujo ponto alto foi o cerco castelhano a Lisboa, entre fevereiro e março de 1373, veja-se MONTEIRO, João Gouveia (2003) – “As campanhas que fizeram a História. De D. Afonso IV (1325) à Batalha de Alfarrobeira (1449)”, in Barata, Manuel Themudo; Teixeira, Nuno Severiano (dir.); Mattoso, José (coord.). Nova História Militar de Portugal, vol. 1. Mem Martins: Círculo de Leitores, pp. 254-256.
64 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 112v, de 1372, outubro, 23.
65 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 115-115v, de 1372, novembro, 9.
66 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 116, de 1372, novembro, 17.
67 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 116, de 1372, dezembro, 8. João Mendes de Vasconcelos é um caso raro de longevidade nas alcaidarias alentejanas, ocupando a de Estremoz, ininterruptamente, por mais de uma década, entre 1372 e 1383 (ou inícios do ano seguinte), vindo a perder o cargo devido ao levantamento popular que se seguiu à morte do Conde Andeiro e à nomeação do mestre de Avis como Regedor e Defensor do Reino. Cf. LOPES, Fernão (2017) – Crónica de D. João I. Primeira Parte. Edição crítica e notas de Amado, Teresa, com a colaboração de Nunes, Ariadne, Pimenta, Carlota e Costa, Mário. Introdução de Sobral, Cristina. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XLIII, pp. 92-94.
68 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 119, de 1373, abril, 12.
69 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 122v, de 1373, maio, 5.
70 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 130, de 1373, julho, 29.
71 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 136v, de 1373, novembro, 7.
72 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 136v, de 1373, novembro, 7.
73 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 138v, de 1373, dezembro, 5.
74 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 139, de 1373, dezembro, 25.
75 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 141v, de 1374, março, 1.
76 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 166v, de 1375, março, 2.
77 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 2, fl. 34-34v, de 1378, julho, 27.
78 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 2, fl. 57v-58, de 1380, janeiro, 5.
79 GOMES, Rita Costa (2005) – D. Fernando. Mem Martins: Círculo de Leitores, p. 105.
80 MARTINS, Armando (2008) – Guerras Fernandinas (1369-1382). Lisboa: Quidnovi, pp. 66-70.
81 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. LXXXII, p. 287.
82 MONTEIRO, João Gouveia (2003) – “As campanhas que fizeram a História. De D. Afonso IV (1325) à Batalha de Alfarrobeira (1449)”, in Barata, Manuel Themudo; Teixeira, Nuno Severiano (dir.); Mattoso, José (coord.). Nova História Militar de Portugal, vol. 1. Mem Martins: Círculo de Leitores, p. 257.
83 RUSSELL, Peter (2000) – A intervenção inglesa na Península Ibérica durante a Guerra dos Cem Anos. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, p. 229.
84 Sobre a política naval fernandina veja-se VILAR, Hermínia (2017) – “D. Fernando e o mar em tempo de guerra”, in O mar como futuro de Portugal (c. 1223-c.1448). Actas do XV Simpósio de História Marítima. Academia de Marinha, pp. 107-115.
85 GOMES, Rita Costa (2005) – D. Fernando. Mem Martins: Círculo de Leitores, p. 109.
86 Referimo-nos, neste caso, a filhos nascidos do casamento entre D. Fernando e Leonor Teles, pois o monarca tinha outra filha, D. Isabel, nascida antes dessa união e que haveria de casar com D. Afonso, conde de Noreña e filho de Henrique II de Castela. LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XCV, pp. 335-337.
87 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. XCVI, pp. 339-341.
88 MONTEIRO, João Gouveia (1999) – Os castelos portugueses nos finais da Idade Média. Lisboa: Colibri, pp. 128-132.
89 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. LXXXVII, p. 303.
90 Tal como as solhas e a couraça, corresponderia a uma proteção de corpo intermédia entre a cota de malha e o arnês completo. Cf. AGOSTINHO, Paulo Jorge (2012) Vestidos para matar: o armamento de guerra na cronística portuguesa de quatrocentos. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, p. 98.
91 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. LXXXVII, p. 305.
92 MARTINS, Armando (2008) – Guerras Fernandinas (1369-1382). Lisboa: Quidnovi, pp. 73-74.
93 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, p. 413.
94 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, pp. 413-415.
95 A política régia continuava a ser prosseguida com uma boa dose de ambiguidade. Se por um lado o rei queria empreender nova guerra com Castela, por outro enviava para o exterior sinais bem contraditórios, de que é exemplo a negociação do casamento da infanta Beatriz com D. Henrique, filho primogénito de D. Juan I, à qual se seguiu novos termos sobre a sucessão ao trono português. LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, pp. 405-408.
96 RUSSELL, Peter (2000) – A intervenção inglesa na Península Ibérica durante a Guerra dos Cem Anos. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, p. 330.
97 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. CXV, pp. 417-420.
98 RUSSELL, Peter (2000) – A intervenção inglesa na Península Ibérica durante a Guerra dos Cem Anos. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, pp. 330-331.
99 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. CXVI, p. 421.
100 Chegou ao cargo quando ainda não tinha completado sete anos, em 1364, assumindo o governo da ordem depois de completar 14 anos. Cf. OLIVEIRA, Luís Filipe (2009) – A Coroa, os Mestres e os Comendadores. As Ordens Militares de Avis e de Santiago (1330-1449). Faro: Universidade do Algarve, pp. 235-238.
101 Uma sucessão nada pacífica, pois tudo indica que não era o preferido para ocupar o cargo, recaindo essa escolha sobre Álvaro Gonçalves Camelo. Contudo, o favor régio e o Grande Cisma do Ocidente, jogaram a seu favor. Cf. MARTINS, Miguel Gomes (2013) – Guerreiros Medievais Portugueses. Lisboa: A Esfera dos Livros, p. 196.
102 Mestre de Santiago desde 1372, era irmão de Fernão Gonçalves de Meira, uma das personalidades que fez parte da força de D. João de Castro, quando este foi fronteiro-mor, por alturas do primeiro conflito fernandino contra Castela. Cf. OLIVEIRA, Luís Filipe (2009) – A Coroa, os Mestres e os Comendadores. As Ordens Militares de Avis e de Santiago (1330-1449). Faro: Universidade do Algarve, pp. 263-266.
103 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 2, fl. 83v, de 1381, junho, 8.
104 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 29, de 1368, junho, 9.
105 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 83, de 1371, novembro, 11.
106 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 122v, de 1373, maio, 5.
107 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 2, fl. 78, de 1381, fevereiro, 27.
108 LÓPEZ DE AYALA, Pero (1991) – Crónica del Rey Don Juan I. In Crónicas. Edição de José-Luis Martín. Barcelona: Planeta, cap. III (ano 1381), p. 532.
109 LOPES, Fernão, Crónica de D. Fernando, cap. CXVI, p. 422.
110 «Em esto o meestre de Santiago de Castella, que estava por fronteiro em Badalhouce, como dissemos, e dom Meem Soarez meestre d’Alcantara com elle», cf. Idem, ibidem, pp. 423-424. De facto, Mem Soares, inicialmente um apoiante de Henrique de Trastâmara, havia caído em desfavor ainda em 1369, após passar para o lado legitimista, trazendo consigo todas as possessões da Ordem de Alcántara. Cf. AYALA MARTÍNEZ, Carlos de, Las órdenes militares hispánicas en la Edad Media (siglos XII-XV), Madrid: Marcial Pons, 2007, p. 219.
111 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. CXVII, p. 424.
112 CALADO, Adelino de Almeida (ed.) (1991) – Estoria de Dom Nuno Alvrez Pereyra. Introdução, notas e glossário do editor. Coimbra: Universidade de Coimbra, cap. IX, p. 16. Doravante citado como Estoria de Dom Nuno Alvrez Pereyra.
113 Não deixa de ser uma cavalgada notável, atendendo à sua duração e ao grau de penetração em território inimigo. Ainda assim, sem a dimensão de outras ações do mesmo tipo, realizadas noutras latitudes durante a Guerra dos Cem Anos. Numa outra escala recorde-se, por exemplo, a grande chevauchée promovida pelo Príncipe Negro, entre outubro e dezembro de 1355, com impactos devastadores na região situada a sul da Aquitânia, entre Bordéus e Narbonne, na Ocitânia, tendo a força inglesa percorrido mais de 400 km para sul. Cf. BARBER, Richard (1976) – Edward, Prince of Wales and Aquitaine. A Biography of the Black Prince. Woodbridge: The Boydell Press, pp. 117-128.
114 SANTOS, Frei Manuel dos (2004) – Monarquia Lusitana. Parte VIII. Lisboa, livro XXII, p. 354.
115 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. CXVIII, p. 425.
116 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. CXVIII, pp. 425-426.
117 Valores apresentados pela Crónica do Condestabre, cf. Estoria de Dom Nuno Alvrez Pereyra, cap. IX, p. 17. Fernão Lopes, por seu turno, é mais vago quanto à composição deste corpo, limitando-se a referir que era composto por «ataa mil lanças de boa gente e muitos beesteiros e homẽes de pee», cf. LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. CXIX, pp. 428-429.
118 MONTEIRO, João Gouveia (1998) – A Guerra em Portugal nos finais da Idade Média, Lisboa: Colibri, p. 142.
119 Estoria de Dom Nuno Alvrez Pereyra, cap. VIII, p. 15.
120 No contexto geral das Guerras Fernandinas torna-se difícil avaliar, com exatidão, o contributo dos efetivos mobilizados pelas ordens militares.
121 MARTINS, Miguel Gomes (2018) – “As hostes das ordens militares em Portugal entre os finais da Reconquista e inícios do século XV – composição e dimensão”. In Fernandes, Isabel Cristina (coord.). Entre Deus e o Rei. O Mundo das Ordens Militares, vol. 1. Palmela: GEOS/Município de Palmela, p. 331.
122 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 1, fl. 62v, de 1370, maio, 17.
123 LOPES, Fernão (1977) – Crónica del Rei dom João I da boa memória. Parte Segunda. Edição de William J. Entwistle. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. CCII, pp. 453-454.
124 MARTINS, Miguel Gomes (2014) – A Arte da Guerra em Portugal (1245-1367), Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, p. 137.
125 Sobre este assunto veja-se FERREIRA, Leandro (2015) – De homens-comuns a força de elite: os besteiros do conto em Portugal na Idade Média (1385-1438). Porto: FLUP. Dissertação de mestrado.
126 Chancelarias Portuguesas: D. João I, Tomo I-2, doc. 778, s.d., pp. 138-140.
127 Estima-se que no final do reinado de D. Fernando a milícia contasse com um valor compreendido entre os 2.015 e 2.215 besteiros do conto, cf. FERREIRA, Leandro (2015) – De homens-comuns a força de elite: os besteiros do conto em Portugal na Idade Média (1385-1438). Porto: FLUP. Dissertação de mestrado, p. 65.
128 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 3, fl. 21, de 1382, novembro, 30.
129 Estoria de Dom Nuno Alvrez Pereyra, cap. IX, pp. 17-18.
130 Refugiado em Castela desde outubro de 1380, por ter assassinado Maria Teles, irmã da rainha.
131 Segundo Fernão Lopes, terá sido Álvaro Peres de Castro quem deu a notícia ao seu sobrinho, informando-o da chegada dos ingleses a Lisboa, o que levou a que se levantasse o arraial castelhano. LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. CXXXI, p. 463.
132 LÓPEZ DE AYALA, Pero (1991) – Crónica del Rey Don Juan I. In Crónicas. Edição de José-Luis Martín. Barcelona: Planeta, cap. IV (ano 1381), pp. 533-534.
133 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. CXXX, pp. 459-461.
134 RUSSELL, Peter (2000) – A intervenção inglesa na Península Ibérica durante a Guerra dos Cem Anos. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, p. 349.
135 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. CXXXII, p. 467.
136 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 3, fl. 7v, de 1382, março, 3.
137 Froissart refere que «le roy de Portingal leur défendoit moult fort qu’ilz ne chevauçassent». Cf. FROISSART, Jean, Chroniques. Livres I et II. Edição, apresentação e comentários de Peter F. Ainsworth e George T. Diller. Paris: Lettres Gothiques, Livro II, cap. 57, p. 843.
138 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. CXLIX, p. 519.
139 FROISSART, Jean, Chroniques. Livres I et II. Edição, apresentação e comentários de Peter F. Ainsworth e George T. Diller. Paris: Lettres Gothiques, Livro II, Livro II, cap. 57, p. 843.
140 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 2, fl. 62v, de 1380, junho, 7.
141 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. CXLIX, p. 520.
142 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. CXLIX, pp. 520-521.
143 Numa das inúmeras escaramuças travadas entre portugueses e castelhanos durante o bloqueio de Lisboa, destaca-se a emboscada montada por Nuno Álvares Pereira que por pouco não lhe custou a vida. Cf. Estoria de Dom Nuno Alvrez Pereyra, cap. XII, pp. 25-33.
144 Estes cargos vieram assumir as funções então ocupadas pelo alferes-mor, embora esta distinção tenha continuado a ser atribuída. Cf. MONTEIRO, João Gouveia (2003) – “As campanhas que fizeram a História. De D. Afonso IV (1325) à Batalha de Alfarrobeira (1449)”, in Barata, Manuel Themudo; Teixeira, Nuno Severiano (dir.); Mattoso, José (coord.). Nova História Militar de Portugal, vol. 1. Mem Martins: Círculo de Leitores, p. 217.
145 LOPES, Fernão (2004) – Crónica de D. Fernando. Edição crítica, introdução e índices de Macchi, Giuliano, 2.ª edição, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cap. CLII, p. 530.
146 LÓPEZ DE AYALA, Pero (1991) – Crónica del Rey Don Juan I. In Crónicas. Edição de José-Luis Martín. Barcelona: Planeta, cap. I (ano 1382), p. 536.
147 A (quase) Batalha do Caia foi analisada por MONTEIRO, João Gouveia - Histórias da Guerra no Alentejo dos finais da Idade Média. Separata das Actas do IV Colóquio e Dia da História Militar, «A História Militar de Portugal no século XIX». Lisboa: Comissão Portuguesa de História Militar, pp. 6-14
148 MONTEIRO, João Gouveia (2003) – “As campanhas que fizeram a História. De D. Afonso IV (1325) à Batalha de Alfarrobeira (1449)”, in Barata, Manuel Themudo; Teixeira, Nuno Severiano (dir.); Mattoso, José (coord.). Nova História Militar de Portugal, vol. 1. Mem Martins: Círculo de Leitores, pp. 260-261.
149 MARTINS, Armando (2008) – Guerras Fernandinas (1369-1382). Lisboa: Quidnovi, pp. 92-96.
150 Chancelarias Portuguesas: D. João I, Tomo I-3, doc. 1361, de 1388, novembro, 27, pp. 219-220.
151 ANTT, Chancelaria de D. Fernando, Livro 3, fl. 54v, de 1383, março, 21.
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